A
Abadia de Cluny, localizada na Borgonha, teve sua construção iniciada em 11 de
setembro de 910 por Guilherme I da Aquitânia, em um terreno doado pelo próprio,
e exerceu profunda influência na cristandade dos séculos posteriores com a
Reformas cluníacas, inclusive além de suas fronteiras. Nela estava estabelecida
a sede ou casa-mãe da célebre beneditina Ordem de Cluny.
Hugo
I, Duque da Borgonha, um dos irmãos de Henrique da Borgonha, Conde de Portugal,
foi um dos seus priores. E foi com Hugo I que a Abadia atingiu seu apogeu ao
iniciar a construção da basílica de cinco naves e sete torres tendo seu altar
consagrado pelo Papa Urbano II.
Foi
na Abadia de Cluny que se originaram as chamadas reformas cluníacas, movimento
no qual os monges cluniacenses dedicavam-se à celebração das horas litúrgicas,
ao canto dos Salmos, rigidez na observância da Regra de São Bento, procissões
devotas e solenes e, sobretudo, à celebração da missa. Promoveram a música
sacra (em Cluny continha oito esculturas que retratavam os oito modos do canto
gregoriano; quiseram que a arquitectura e a arte contribuíssem para a beleza e
a solenidade dos ritos católicos, inseriram típicas actividades culturais do
monaquismo medieval como as escolas para as crianças, a preparação de
bibliotecas, os scriptoria para a transcrição dos livros; enriqueceram o
calendário litúrgico de celebrações especiais e incrementaram o culto da Virgem
Maria. Além de, através do trabalho manual, explorar economicamente as amplas
propriedades típicas dos mosteiros cluniacenses.
Como
mencionado acima, a construção da Abadia, bem como as reformas nela originadas,
causaram grande influência na época a ponto de muitos príncipes e Papas pedirem
aos abades de Cluny para difundirem a sua reforma, de modo que em pouco tempo
se propagou uma densa rede de mosteiros ligados a Cluny, ou com verdadeiros
vínculos jurídicos ou com uma espécie de afiliação carismática. Muitos homens,
tanto leigos como clérigos, inclusive aqueles de elevada condição, deixaram
suas dioceses para viverem em Cluny como simples monges. Devido ao grande
aumento do número de monges, tornou-se necessário ampliar as instalações de
Cluny e edificar uma nova igreja. Estima-se que o número de monges ligados à
Abadia chegou a 10 mil espalhados em 1.450 casas clericais.
A
abadia foi considerada uma das maravilhas da França Medieval e diz-se ter sido
o maior complexo arquitectónico da cristandade ocidental. Em decorrência da
revolução francesa a abadia foi completamente destruída, tendo sido posteriormente
reconstruída.
Em
2007, a Abadia foi consagrada como Patrimônio Europeu pela União Européia.
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