segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O MANUSCRITO HALLIWELL: O Poema Régio da Maçonaria



"O ALMOÇO DO TROLHA" - Júlio Pomar

O MANUSCRITO HALLIWELL: O Poema Régio da Maçonaria

O Manuscrito Halliwell ou Poema Régio é datado por volta de 1390 e composto de 794 versos com rima emparelhada em inglês arcaico, tratando do Ofício Maçônico como era praticado na Inglaterra do Século XIV. Sua autoria não é totalmente esclarecida, sendo usualmente atribuída a um clérigo que tenha sido capelão ou secretário do Ofício. Foi publicado pela primeira vez em 1840 por James O. Halliwell com o título “The Early History of Freemasonry in England”, atualmente o manuscrito encontra-se no Museu Britânico, transferido da biblioteca real (quando passou a ser conhecido por manuscrito régio) em 1757 por doação do rei Jorge II.

A suma importância dada a este manuscrito pela Tradição Maçônica vem do fato de este ser comprovadamente o mais antigo documento de Maçonaria Operativa Insular que se tem registro. Comprovadamente se frisa, pois há documentos de datação ou pertinência contestada.

AQUI COMEÇAM AS CONSTITUIÇÕES DA ARTE DA GEOMETRIA DE ACORDO COM EUCLIDES

- Apresentação, tradução e adaptação por Tiago Roblêdo

Quem bem tanto ler quanto apreciar
Este antigo livro, poderá encontrar gravado
Acerca grandes lordes e também damas,
Quais eventualmente conceberam muitas crianças;
Mas não tiveram recursos para mantê-los consigo,
Nem na cidade, no campo ou na mata fechada;
Contudo reunidos, formaram uma Assembleia,
Para deliberar em benefício dessas crianças,
Como elas melhor poderiam levar sua vida
Sem maiores moléstias, carências e conflitos;
E também para as gerações que adviriam.
Então, algumas dessas crianças buscaram grandes sábios,
Para que os ensinassem as boas obras;
E por elas foi rogado, pelo amor do nosso Senhor.
Para que tais crianças tivessem algum trabalho a laborar,
Que elas pudessem assim, ganhar a vida,
Tanto bem quanto honestamente e em total segurança.
Quando então, pela boa Geometria,
O Ofício honesto da boa Maçonaria
Foi para isto ordenado e cumprido,
Replicado conjuntamente por esses sábios;
Nas orações destes lordes que replicaram a Geometria,
E deram-lhe nome de Maçonaria,
Para o Ofício mais honesto de todos.
As crianças destes lordes nele se arrojaram,
A fim de aprenderem tal Ofício da Geometria,
O qual era ensinado, com todo afinco;
Pelas súplicas de seus pais e também de suas mães,
Neste honesto Ofício foram empregados.
Aquele que melhor aprendia, e possuía honestidade,
Qual superava seus Companheiros em afinco,
E se destacava no Ofício,
Deveria ser mais venerado que os demais,
O nome deste grande sábio foi Euclides,
Cheio de alarde, seu nome era vastamente difundido.
Este grande sábio ainda havia ordenado
Que aquele que alcançasse maior avanço,
Que devesse ensinar ao de menor faculdade
Para que fosse aperfeiçoado nesse Ofício honesto;
E assim cada um deveria ensinar ao outro,
E se amarem mutuamente como irmão e irmã.
Além disso, também havia ordenado,
Que este fosse chamado de Mestre
A fim de que fosse apropriadamente venerado,
Deveria ser assim chamado;
Todavia um Maçom nunca deveria chamar a outro
Dentre todos aqueles do Ofício,
Nem de sujeito, nem de vassalo, nem de meu querido irmão,
Porquanto que nenhum não é melhor que o outro;
A cada um dos outros Companheiros deverá chamar pela amizade,
Pois de damas foram nascidos.
Desta forma, pela boa ciência da Geometria,
Começou o Ofício da Maçonaria;
O sábio Euclides deste modo fundou,
O Ofício da Geometria nas terras do Egito.
E no Egito, ensinou amplamente,
Em diversas terras e em todas as direções;
Muitos anos depois, é sabido,
Antes que o Ofício aqui chegasse.
Este Ofício enfim chegara à Inglaterra, como é contado,
Nos dias da época do bom rei Athelstane;
Ele erigiu então, tanto salões quanto caramanchões,
E altos templos de grande honra,
Para ocupá-lo tanto de dia quanto de noite,
E venerar seu Deus com toda sua força.
Este bom lorde amou muito bem ao Ofício,
E propôs fortalecê-lo em todos seus aspectos,
Dado as diversas falhas que havia encontrado neste Ofício;
Ele esquadrinhou sobre a terra
Em busca de todos os Maçons do Ofício,
Para que em todos a ele viessem diretamente,
A fim de corrigir todas essas falhas
Pelo bom conselho, se assim pudesse.
Uma Assembleia, então, foi constituída
Com diversos lordes em suas categorias,
Duques, condes e também barões,
Cavaleiros, escudeiros e muitos outros,
Além dos grandes burgueses daquela cidade,
Todos eles estavam lá em suas posições;
Cada um certamente ali estava,
Para deliberar os Estatutos dos Maçons,
Lá demandaram por sua faculdade,
Como os poderiam governar;
E Quinze artigos lá demandaram,
Além de quinze pontos que lá constituíram,

Aqui começa o primeiro artigo.

O primeiro artigo desta Geometria;
O Mestre Maçom deve ser de inteira confiança
Tanto firme quanto fiel e verdadeiro,
Nunca devendo se lamentar;
Pagando a seus Companheiros segundo seu custo,
Conforme viveres correntes de então, como é bem sabido;
E os pagar fielmente, sobre a vossa boa fé,
O que possam merecer;
E que seu pagamento não tome mais,
Que aquilo para qual puderam servir;
E rechaçar pelo amor ou pelo temor,
Que nenhuma parte aceite suborno;
Nem de lorde, nem de Companheiro, ou de quem quer que seja,
Deles não se deve aceitar nenhuma espécie de propina;
E como um juiz manter-se reto,
Então farás a ambos a boa justiça;
E em verdade, fazendo isto onde quer que vás,
Deverás conquistar mais respeito e lucro.

Segundo artigo.

O segundo artigo da boa Maçonaria,
Como se deve agora especialmente atentar,
Que todo Mestre, que seja um Maçom,
Deva comparecer a convocação geral,
Para que possa ser dada ciência satisfatoriamente
Onde a Assembleia deverá ser realizada;
E para tal Assembleia deverá comparecer,
A menos que possua um motivo razoável,
A não ser que seja desobediente ao Ofício
Ou por dolo seja ludibriado,
Ou então que adoeça tão gravemente,
Que não possa vir a se reunir;
Qual seria uma boa razão, apropriada,
E sem engodo para cabular tal Assembleia.

Terceiro artigo.

O terceiro artigo em verdade é,
Que o Mestre não tome Aprendiz,
A menos que possa garantir bom alojamento
Para ele por sete anos, conforme é dito,
A fim de proveitosamente aprender seu Ofício;
Em um período inferior ele não estaria capacitado
Nem para vantagem dos lordes, nem dele mesmo
Como podes por uma boa razão compreender.

Quarto artigo.

O quarto artigo deve ser,
Qual o Mestre bem deve observar,
De não fazer nenhum vassalo um Aprendiz,
Que não o faça por ambição alguma;
Pois o senhor qual este esteja obrigado,
Poderia retomar o Aprendiz, onde quer que esteja.
O que se em Loja se acontecesse,
Muita insatisfação ocorreria,
Caso viesse a suceder,
Tal coisa poderia insatisfazer alguns ou a todos.
Por isso todos os Maçons que lá estejam
Deverão todos em conjunto se opor.
Caso o vassalo permaneça no Ofício,
Devido os diversos infortúnios que se pode citar;
Então, para maior tranquilidade e probidade,
Que se faça um Aprendiz de condição mais elevada.
Nos registros dos tempos antigos é encontrado
Que um Aprendiz deveria ser de linhagem nobre;
E assim por vezes, a descendência dos grandes lordes
Perfilhou esta Geometria qual é de todo boa.

Quinto artigo.

O quinto artigo é muito bom,
Que o Aprendiz deva ser de descendência legítima;
Pois o Mestre não deve, por qualquer vantagem,
Fazer nenhum Aprendiz que seja inválido;
Isso significa, como podeis atentar
Que tenha todos os seus membros incólumes;
Para o Ofício seria uma grande ignomínia,
Aceitar um amputado e um coxo,
Pois um homem deficiente de nascença
Seria de pouca benesse ao Ofício.
Portanto, deve ser de conhecimento geral,
Que o Ofício requer um homem forte;
E um homem aleijado qual não teria a força requerida,
Como já é há tempos sabido.

Sexto artigo.

O sexto artigo, dele não se deve extraviar
Que o Mestre não dê ao lorde nenhum prejuízo,
Cobrando do lorde por seu Aprendiz,
Como em todo caso, cobraria por um de seus Companheiros,
Pois estes neste Ofício foram plenamente aperfeiçoados,
Porém, o outro não, e isto deve ser observado.
Logo, seria contra a boa razão,
Cobrar seu salário como faria a seus Companheiros.
Este mesmo artigo, neste caso,
Ajuíza ao Aprendiz a ganhar menos
Que os Companheiros, qual foram plenamente aperfeiçoados.
Em diversas matérias, se sabe em contrapartida,
O Mestre pode instruir seu Aprendiz,
A fim de que seu salário possa aumentar em breve,
E antes que seu encargo chegue ao fim,
Seu salário possa muito bem ser reajustado.

Artigo sétimo.

O sétimo artigo, que então está aqui,
Por completo bem contará a todos
Que nenhum Mestre pelo favor ou temor,
Não deverá vestir nem alimentar nenhum ladrão.
Ou para ladrão algum deverá dar abrigo,
Nem àquele que matar um homem,
Nem a alguém de fama duvidosa,
Para que não leve ao Ofício a ignomínia.

Artigo oitavo.

O oitavo artigo assim expõe,
Que o Mestre poderia fazer bem.
Caso possua qualquer homem do Ofício,
E este não seja tão competente como deveria,
Poderá então, substitui~lo de pronto,
E escalar outro alguém mais competente.
Tal homem por mero descaso,
Pode prestar pouco respeito ao Ofício.

Artigo nono.

O nono artigo expõe muito bem,
Que o Mestre seja sábio e forte;
Que não trabalhe em uma empreitada,
Qual não possa tanto desempenhar quanto concluir;
E que também seja proveitoso para os lordes,
E para o seu Ofício, onde quer que vá;
E que a obra na qual trabalhe seja bem feita,
Que nem ceda nem rache.

Artigo décimo.

O décimo artigo é para saber,
Dentre o Ofício, para um superior ou subalterno,
Nenhum Mestre haverá de arvorar o outro,
E sim estarem aliados como irmão e irmã,
Neste interessante Ofício, todos e quaisquer,
Quais estejam obrigados a um Mestre Maçom.
Não deverão arvorar nenhum outro homem,
Qual tenha assumido um trabalho,
A pena para isso será muito severa,
Ela custará nada menos do que dez libras,
A menos que haja alguma infração comprovada,
Contra aquele que antes havia tomado o trabalho;
Salvo isso, ninguém na Maçonaria
Deverá arvorar a outro impunemente,
Contudo, se o trabalho estiver sendo executado,
De forma que a obra não progrida;
Então um Maçom poderá requerer este trabalho,
Para resguardar o proveito do lorde
Neste caso, se isto ocorra,
Nenhum Maçom deverá se opor.
Em verdade, aquele que iniciou a obra,
Se Maçom bom e firme,
Terá segurança em mente
Para levar plenamente o trabalho a bom termo.

Artigo décimo-primeiro.

O décimo-primeiro artigo proferido,
Que é tanto justo quanto livre;
Pois instrui, por sua força,
Que nenhum Maçom deva trabalhar à noite,
Exceto, se for para aperfeiçoar suas faculdades,
Caso as possa aprimorar.

Artigo décimo-segundo.

O décimo-segundo artigo é de alta honestidade
Todo Maçom, onde quer que esteja,
Não deverá depreciar o trabalho de seus Companheiros,
Caso queira salvaguardar vossa honra;
Somente por palavras honestas ponderará,
Pela faculdade qual Deus proveu;
Senão retificar da forma que se possa,
Um ao outro sem nenhum melindre.

Artigo décimo-terceiro.

O artigo décimo-terceiro, assim Deus conceda ajuda,
É, caso o Mestre possua um Aprendiz,
Então que o instrua plenamente,
Para que aprenda o Ofício habilmente,
Onde abaixo do sol, quer que esteja.

Artigo décimo-quarto.

O artigo décimo-quarto por uma boa razão,
Mostra ao Mestre como deve agir;
Ele não deve tomar Aprendiz para si,
A menos que diversas tarefas tenha a realizar,
Qual o possibilite dentro de sua estadia,
O permitir aprender os diversos quesitos.

Artigo décimo-quinto.

O artigo décimo-quinto põe um fim,
Para o Mestre, ele é um aliado;
Pois o assim ensina, que para com ninguém,
Deve levar uma relação dissimulada,
Nem manter seus Companheiros em seus equívocos,
Por nenhum bem que possa vir a conseguir;
Nem nenhum falso juramento os deixe fazer,
Por temor a salvação de suas almas,
Para que não leve Ofício à ignomínia,
E a si mesmos uma severa culpa.

Constituições gerais.

Nesta Assembleia foram ordenados mais alguns pontos,
De grandes lordes e também Mestres.

Primeiro Ponto.

Quem quiser aprender este Ofício e chegar a tal condição,
Deverá sempre amar bem a Deus e santa igreja,
E também ao Mestre com qual esteja,
Onde quer que vá, no campo ou na mata fechada,
E deverá amar ainda, aos vossos Companheiros,
Pois é o que vosso Ofício requer que faças.

Segundo Ponto.

O segundo ponto como é dito,
Que o Maçom labore no dia de trabalho,
Tão fielmente quanto puder,
A fim de merecer seu salário para o dia de folga,
E fielmente labutar em seu afazer,
Para bem merecer a sua recompensa.

Terceiro ponto.

O terceiro ponto deve ser rigoroso,
Como o Aprendiz deve saber bem,
O conselho de seu Mestre deve zelar e guardar,
Assim como os de seus Companheiros por um bom propósito;
Os segredos da câmara não dirá a ninguém,
Ou o que quer que façam em Loja;
O que quer que veja ou ouça lá ser feito,
Não dirá a ninguém, onde quer que vá;
Os conselhos do salão, ou mesmo do caramanchão,
Zela bem, para que engrandeça vossa honra,
A fim de que não traga desaprovação a si próprio,
E leve ao Ofício grande ignomínia.

Quarto ponto.

O quarto ponto também ensina,
Que ninguém em seu Ofício seja dissimulado;
Que não persista em nenhum erro
Qual atente contra o Ofício, e sim o renunciar;
Nem nenhum prejuízo deverá cometer
A seu Mestre, nem também a seu Companheiro;
E embora o Aprendiz possa ser relevado,
Ainda assim, está submetido à mesma lei.

Quinto ponto.

O quinto ponto é certamente,
Para quando o Maçom tomar seu pagamento
Qual o Mestre tenha designado,
Pleno de humildade o deverá receber conforme apropriado;
No entanto, o Mestre deve, por uma boa razão,
Legitimamente avisá-lo antes do meio dia,
Caso não o vá mais empregar,
Conforme havia sendo feito;
Contra essa ordem, não se deve opor,
Caso pense bem em prosperar.

Sexto ponto.

O sexto ponto é plenamente dado a conhecer,
Tanto pelo superior quanto pelo subalterno,
Pois tal caso poderia acontecer;
Com todo e qualquer Maçom,
A inveja ou o ódio mortal,
Amiúde eriça uma grande contenda.
Então, o Maçom deve caso possa,
Reunir ambas as partes em um dia;
Porém não deverão reconciliar nada,
Até que o dia de trabalho seja cumprido,
Ou que haja folga suficiente para fazer a reconciliação,
Afim de que tal disputa não impeça seus trabalhos;
Os reúna então para esse fim,
Para que fiquem bem perante a lei de Deus

Sétimo ponto.

O sétimo ponto, pode bem significar,
Sobre a longa boa vida que Deus dá,
Como claramente bem descrito,
Não compartilharás o leito da esposa de vosso Mestre,
Nem de vossos Companheiros, ou de ninguém,
Afim de que o Ofício não o despreze;
Nem mesmo a concubina de vosso Companheiro,
Faz não menos do que queres que façam por vós.
A pena sobre isso, saiba bem,
É permanecer como Aprendiz por sete anos completos,
Caso se perca em qualquer destas faltas
Deverá então, logo ser castigado;
Pois muita preocupação poderá advir,
Por esta falta de pecado tão mortal.

Oitavo ponto.

O oitavo ponto, certamente,
Sobre caso tomes qualquer cargo,
Ao vosso Mestre sejas fiel,
Sobre este ponto nunca deves lastimar;
E um verdadeiro mediador deverás ser
Ao vosso Mestre e aos vossos Companheiros livres;
Faças fielmente tudo o que vós puderes,
Por ambas as partes, pois esta é a boa conduta.

Nono ponto.

O nono ponto deve evocar,
Aquele que é o servente do salão,
Se a câmara estiver reunida,
Cada um servirá ao outro com branda alegria;
Gentis Companheiros, deveis saber,
Que todos terão sua vez como serventes,
Semana após semana, sem dúvida,
Todos deverão ter sua vez como serventes,
Para amigavelmente servir cada um dos outros,
Como se fossem irmão e irmã;
Lá não deverá cobrar nenhum gasto
Excetuando a si mesmo desta regalia,
Contudo, todos igualmente remidos
Nesse gasto, deverão estar;
Sempre observado a bem pagar qualquer um,
Qual tenha fornecido quaisquer insumos consumidos,
Para que nenhuma queixa seja feita para vós,
Nem a vossos Companheiros em nenhuma instância,
Ao homem ou a mulher, quem quer que seja,
Pague bem e fielmente, pelo que foi consumido;
Assim como, de vosso Companheiro toma a conta correta,
Para que faça um pagamento correto,
A fim de não levar vosso Companheiro à ignomínia,
E trazer a vós mesmo grande desaprovação.
Não obstante, a conta correta deverá fazer
Das coisas qual tenha adquirido,
Dos bens de vossos Companheiros que foram gastos,
Onde, como e para que fim;
Tais contas deverás vir a prestar,
Quando vossos Companheiros requererem que o faça.

Décimo ponto.

O ponto décimo apresenta bem a boa vida,
Para viver sem carências e conflitos;
Porque, se o Maçom vive malignamente,
E no seu trabalho for sabidamente dissimulado,
Que por falsos argumentos
Venha difamar seus Companheiros sem razão,
E por falsas calúnias de tal infâmia
Possa fazer o Ofício ser desaprovado.
E fazendo ao Ofício tal vilania,
Para este, nenhum favor será assegurado.
Nem indulgencie sua vida maléfica,
Para que não caia em carências e conflitos;
Ainda assim, não o deverá dar trégua alguma,
Até que esteja compelido,
A comparecer onde quer que seja,
Onde o for demandado, voluntariamente ou obrigado;
Na próxima Assembleia que o convocarem,
Para que compareça perante todos seus Companheiros,
E a menos que perante eles compareça,
Deverá renegar o Ofício;
Devendo então ser punido conforme a lei
Que foi estabelecida nos antigos dias.

Décimo-primeiro ponto.

O ponto décimo-primeiro é o da boa discrição,
Como por uma boa razão deveis saber;
Um Maçom, se seu Ofício conhece bem,
Qual, vendo o seu Companheiro desbastando uma pedra,
De forma a estragar tal pedra,
Caso possa, deve de pronto corrigir isto,
E o ensinando então a fazer corretamente,
A fim de que o trabalho do lorde não seja prejudicado,
O ensinando brandamente a maneira correta,
Com palavras justas, que Deus proveu;
Através da graça de quem mora no alto,
Com palavras doces cultive seu amor.

Décimo-segundo ponto.

O ponto décimo-segundo é de grande majestade,
Onde a Assembleia for constituída,
Deverão estar presentes Mestres e também Companheiros,
E muitos outros grandes lordes;
Deverão ainda, estar lá presente, o xerife daquela terra,
E também o prefeito daquela cidade,
Lá haverão cavaleiros e escudeiros,
E também vereadores, como se verá;
Tal ordenança, que lá for constituída,
Deverá ser obedecida na íntegra
Frente a qualquer homem, quem quer que seja,
Qual pertença ao justo e livre Ofício.
Se qualquer infração cometer contra ela,
Será posto sob custódia e ficará detido.

Décimo-terceiro ponto.

O ponto décimo-terceiro é de todo desejo,
Deveis jurar nunca se tornar um ladrão,
Nem socorrer algum em seu falso Ofício,
Por bem algum que o oferte,
Disto saiba ou pecará,
Não o cometa nem em benefício próprio nem por vossa família.

Décimo-quarto ponto.

O ponto décimo-quarto é plena boa lei
Para aquele que esteja vacilante;
Um bom e fiel juramento deverá prestar
A seu Mestre e Companheiros qual lá estejam;
Deve ser firme e também fiel
Onde quer que vá, a qualquer ordenança,
E ao seu lorde soberano, o Rei,
Ser fiel acima de tudo.
Aos pontos integrais aqui citados
Quais deves prestar juramento,
Todos também deverão prestar
Qualquer Maçom, voluntária ou relutantemente.
A todos pontos aqui citados deverão jurar,
Quais foram ordenados pelo bom cabedal.
Qualquer um deverá ser esquadrinhado
Todo vosso grupo, tão bem quanto se possa,
Caso alguém vier a ser considerado culpado
Em infringir qualquer um destes pontos em particular;
Que se vá em seu encalço, seja que seja,
E o submeta a Assembleia.

Décimo-quinto ponto.

O ponto décimo-quinto é pleno bom cabedal,
Para aqueles que prestaram juramento,
Foi proposto em Assembleia esta ordenança
Pelos grandes lordes e Mestres antes citados;
Sabidamente reservada aos que cometeram infrações,
Atentando contra uma ordenança vigente,
E aos artigos nesta propostos,
Pelos grandes lordes e Maçons em conjunto,
Sendo considerados culpados
Por um a um que componha a Assembleia,
E se neguem a corrigir suas falhas,
Deverão então se exonerarem do Ofício;
Sem oposição dos Maçons deste Ofício,
E ainda, jurarem nunca mais o exercer.
A menos, que de fato se corrijam,
Nunca deverão regressar ao Ofício;
E em caso de incumprimento,
O xerife logo deverá agir,
Os detendo nas profundezas da prisão,
Devido a transgressão que cometeram,
E confiscar seus bens e seus rebanhos
Por inteiros para as mãos do Rei,
Os deixando lá, ainda detidos,
Até quando seja vontade do nosso Rei soberano.

Outra ordenança da Arte da Geometria.

É decretado que uma Assembleia seja constituída,
Anualmente, onde quer que seja,
Para corrigir quaisquer faltas que venham ser conhecidas
Dentro do Ofício por todo o país;
Todo ano ou cada três anos, deverá ser constituída,
Em cada lugar onde quer que se constitua;
Também deverá ser comunicado hora e lugar,
E qual local se dará a Assembleia,
Todos convocados deverão ser membros do Ofício,
Além de outros grandes lordes, como se verá,
Para corrigir as faltas das quais se mencionou,
Caso alguém as tenha cometido.
Lá todos deverão prestar o juramento,
Qual compete ao cabedal deste Ofício,
A fim de estabelecer cada um de seus estatutos
Quais foram ordenados pelo rei Althelstane;
Tais estatutos que aqui se encontram
São ordenados a serem estabelecidos por todo o país,
Por respeito à autoridade,
Que foi impetrada pela dignidade.
Também a cada Assembleia que seja reunida,
Que venham ao seu bravo Rei soberano,
Requerendo da sua graça,
Que esteja coadunado em todo lugar,
Para ratificar os estatutos do Rei Athelstane,
Que por uma boa razão foram ordenados a este Ofício.

A Arte dos Quatro Coroados.

Oremos agora a Deus todo-poderoso,
E a sua resplandecente mãe Maria,
Para que possamos preservar esses artigos,
E esses pontos integralmente,
Como fizeram esses quatro santos mártires,
Quais foram de grande honra neste Ofício;
Sobre a terra foram os melhores Maçons que poderiam,
Também foram gravadores e imagineiros.
Pois eram dos melhores obreiros,
O imperador os tinha em alta conta;
E havia requerido que fizessem um ídolo
Que pudesse ser adorado em sua graça;
Tais monumentos existiam naquela época,
Para condução do povo a outras leis que não a cristã.
Entretanto, fiéis permaneceram à lei de Cristo,
E ao seu Ofício confiantemente;
Adorando bem a Deus e a toda sua sabedoria,
O servindo cada dia mais.
Foram homens da verdade naquela época,
E viveram bem na lei de Deus;
Decidindo que não fariam nenhum ídolo,
Por nenhum bem qual pudessem ganhar,
Nem adorariam nenhum ídolo como seu Deus,
Nada disso fariam, embora pudessem enfurecer o Imperador;
Por que eles não rejeitariam sua verdadeira fé,
E não acreditariam numa lei díspar,
Sem demora, o imperador os arrebatou,
E os prostrou nas profundezas de uma prisão;
Mas lá, quanto mais intensamente os punia,
Mais júbilo lhes era concedido pela graça de Cristo,
Logo, quando viu que nada medrava,
Então os enviou para morte;
Pelo livro podem ser conhecidos
Nas lendas dos santos,
Os nomes dos Quatro Coroados.
Sua festa é certamente,
No oitavado dia após o Dia de Todos os Santos.

(A Torre da Babilônia)

Poder-se-á ouvir sobre aquilo que será narrado,
Que por grande temor muitos anos depois
Da inundação de Noé ter desabado,
A Torre da Babilônia foi começada,
Como um trabalhado de pura cal e pedra,
Como nunca se havia visto;
Foi começada tão longa e comprida,
Que sua altura sombreava sete milhas ao sol.
O rei Nabucodonosor a fez erigir
Com magna robustez para a graça do homem,
Pois se outra inundação viesse a desabar,
Tal obra não poderia derrocar;
Por ela tiveram muito orgulho e grande jactância
Porém todo este trabalho foi arruinado;
Quando um anjo os acometeu com diversas línguas,
De modo que nunca se soubesse o que o outro estivesse falando.

(As Sete Ciências)

Muitos anos depois, o bom sábio Euclides
Prodigiosamente ensinou o Ofício da Geometria plena e amplamente,
Então também o fez noutras ocasiões,
Com os muitos outros Ofícios.
Pela alta graça de Cristo no céu,
Ele ingressou nas sete ciências;
Como sabido, a gramática é a primeira ciência,
Abençoada seja a dialética, a segunda,
Certamente a terceira, a retórica,
Como é dito, a quarta é a música,
Pelo exclamado, a astronomia é a quinta,
Certamente a Aritmética, a sexta,
Põe um fim a sétima, a geometria,
Para que sejas tanto humilde quanto cortês,
A gramática em verdade é a raiz,
Quem quer que seja, a aprenderia num livro;
Porém a arte, supera tal instância,
Como o fruto supera a raiz da árvore;
A retórica afere beleza ao discurso,
E a música é uma doce canção;
A astronomia querido Irmão, enumera,
A aritmética mostra como uma coisa é igual à outra,
A geometria a sétima ciência é,
Aquela que separa a mentira da verdade, como sabido
Estas são as sete ciências,
Quem bem as emprega, poderá alcançar o céu.

(A adoração ao Senhor)

Agora, queridas crianças por vossas próprias faculdades
Abandonai o orgulho e a cobiça,
E voltai vossa atenção à boa discrição,
Trazei um bom comportamento, de onde quer que venham.
Agora se roga para que prestem boa atenção,
Para isso, deverão conhecer o necessário,
Porém, ainda muito mais há a conhecer,
Além daquilo que aqui encontrarem escrito.
Se vossa faculdade vos faltar,
Orem a Deus para que a provenha;
Pois como o próprio Cristo ensinou
Essa santa igreja é a casa de Deus,
Esta é constituída por nada mais
Do que pela oração, conforme dita o livro;
Lá o povo deve se reunir,
Para orar e rogar por seus pecados.
Vigiem para que não tardem à igreja,
Por cometer libertinagens às suas portas;
Então na igreja façam o devido,
Tendo em mente cada vez mais
De dia e de noite a adoração ao Senhor vosso Deus,
Com todas as vossas faculdades e até mesmo vossas forças.
Para quando chegarem às portas da igreja
Da água benta tomar um quinhão,
E a cada gota que caia em vós
Por certo se extirpe pecado venial.
Mas primeiro convém baixar vossos capuzes,
Pelo vosso amor a quem morreu na cruz.
Quando forem à igreja,
Sem demora, elevem vossos corações a Cristo;
Sobre a cruz dirijam vossos olhares, em seguida,
E ajoelhem sobre os vossos joelhos unidos,
Então orem a ele para vos empregar,
Sob a lei da Santa Igreja,
Para guardarem os dez mandamentos,
Qual Deus deu a todos os homens;
E para rezarem com voz branda
Para vos salvarem dos sete pecados,
A fim de que possam, nesta vida,
Resguardar-vos bem das carências e conflitos;
Além disso, que vos concedam a graça,
De ter um lugar nas bênçãos do céu.
Que na santa igreja renunciem às palavras vãs
De falácias gracejosas e as faltas indecentes,
E ponham de lado toda a vaidade,
E orem vosso Pai Nosso e vossa Ave-maria;
Cuidem também para que não façam balbúrdia,
Ao invés, que sempre estejam em oração;
E caso não estejam em oração,
Que a não dificultem de modo algum a ninguém.
Lá, nem fiquem de pé nem se sentem,
E sim, ajoelhem-vos sobre o chão,
E quando o Evangelho estiver sendo lido,
Levantem-se sem auxílio das paredes,
E se benzam caso o possam,
Ao começar a Glória a Deus;
E quanto o evangelho estiver concluído,
Mais uma vez poderão se ajoelhar,
Em ambos os joelhos levados ao chão,
Pelo amor que nos remiu;
E quando ouvir o bater do sino
Para o santo sacramento,
Jovens e velhos deverão se ajoelhar,
E juntar ambas as mãos,
E orar então desta forma,
Claro, suave, sem ruído;
“Senhor Jesus bem-vindo seja,
Em forma de pão como o vejo,
Agora Jesus pelo teu santo nome,
Protegei-me do pecado e da vergonha;
Provêm-me tanto Absorção quanto Eucaristia,
Antes que daqui me vá,
Na grande contrição pelas minhas falhas,
Que eu nunca, Senhor, morra em pecado;
E como tu advieste da virgem,
Espero nunca me perder;
Contudo quando daqui me for,
Concede-me a bênção eterna;
Amém! Amém! Assim seja!
Agora doce senhora orai por mim”.
Desta forma poderão orar, ou de forma parecida,
Quando ajoelharem durante o sacramento.
Para galgar o bem, não vos contenham,
Em adorar Aquele que tudo operou;
Pois um homem pode ser alegre neste dia,
Considerando que em tal dia poderá ver Deus;
Coisa certamente tão digna,
Que virtude dela homem algum poderá balizar;
De tamanho bem que esta visão fará,
Tanto que, Santo Agostinho contou de pleno direito,
Que no dia que virem o corpo de Deus,
Terão plena segurança:
De comer e beber conforme vossa necessidade,
E nada vos fará falta neste dia;
Tanto juramentos quanto palavras ociosas,
Deus naquele dia também perdoará;
A morte súbita neste mesmo dia
Não ousarão temer de forma alguma;
Ainda neste dia, é prometido,
Que não perderão a visão dos olhos;
E cada passo que então derem,
Para ver aquela visão sagrada,
Serão dados de volta em vossa direção,
Quando vós estiverdes em grande necessidade;
Que o mensageiro, o anjo Gabriel,
Guarde bem a todos vós.
Desta questão agora se pode passar,
Que se conte agora, os maiores benefícios da missa:
Frequentem mais a igreja se puderem,
E ouçam a missa todos os dias;
Caso não possam ir rotineiramente à igreja,
Onde quer que estejam trabalhando,
Quando ouvirem o sino da missa,
Orem a Deus com coração plácido,
A fim de contribuir com vossa parte para aquela profissão de fé,
Que na igreja será realizada.

(O bom comportamento)

Além disso, ainda é aconselhado a vós
E a vossos Companheiros, a instruir-vos,
Sobre quando estiveres perante um lorde,
No salão, no caramanchão ou mesmo à mesa,
Devereis retirar capuz ou gorro que use,
Antes de ir a presença dele;
E por duas ou três vezes, certamente,
Devereis se curvar ante este lorde;
Fazendo-o com o vosso joelho direito,
Assim resguardará vosso respeito próprio.
Ainda sobre retirar vosso gorro ou capuz,
Não os ponha de volta até que vos seja concedido.
Durante todo o tempo que vos dirigires a ele,
Mantenhas o queixo alto com justeza e cortesia;
Assim, após vos comportar conforme instruído,
O encares gentilmente.
Mantenham quietos pés e mãos,
E agi habilmente, sem vos arrastar ou tropeçar;
Evitai também cuspir ou fungar,
Fazendo tais necessidades apenas privadamente,
A fim de seres sábio e discreto,
Grande necessidade tendes de vos governar bem.
Quando forem entrar no salão,
Entre bons e corteses cavalheiros,
Não pressuponham acerca de nada,
Nem sobre a estirpe ou instrução de alguém,
Nem onde sentar ou repousar,
Este é o comportamento bom e polido.
Não deixem vosso semblante se abater,
Pois o bom comportamento irá resguardar vossa condição.
Seja quem for vosso pai ou mãe,
Boa é a criança qual se comporta bem,
No salão, na câmara ou onde quer que seja;
As boas maneiras a farão um homem.
Atenta com sabedoria a posição do teu próximo,
Prestando comprimentos a cada um individualmente;
Evitando cumprimentar a todos de vez,
A não ser que vós não os conheçais.
Sobre a refeição quando posta,
Comei justa e honestamente;
Primeiro, atentai se vossas mãos estão limpas,
Verificai se vossa faca está afiada e apontada,
Cortai inteiramente vosso pão conforme a vossa carne,
E comei da forma correta como o devido,
Caso vos senteis próximo a uma dignidade,
Cuja Arte seja superior à vossa,
O esperem servir-se da refeição primeiro,
Antes de vós mesmo o fazerdes.
Não vos sirvais do melhor quinhão,
Apesar de o desejardes fazer;
Mantende as vossas mãos bem e asseadas,
E nem sujeis a toalha da mesa;
Não a usando para vos limpar,
Nem vossos dentes limpeis na mesa;
Não vos sirvais em demasiado de vosso copo,
Ainda que tenhais vontade de beber,
A fim de que vossos olhos não lacrimejem,
Pois isto não seria polido.
Atentai que não estejais com a boca cheia de comida,
Quando começares a beber ou falar.
Se perceberes que alguém bebe vos espiando,
Tomai cuidado com vossas palavras,
E sem demora interrompei vossa fala,
Esteja este, tanto bebendo vinho ou cerveja,
E também atentai para não ignorar ninguém,
Sejam quais forem as condições em que o depares;
Não faleis mal de ninguém,
Caso almejeis manter vosso respeito próprio;
Tais falas não devem ser proferidas.
Isto poderia pôr-vos em uma situação ruim.
Contende vossa mão em vosso punho,
E resguardai-vos bem do "se eu soubesse.".
Em câmara, entre as cintilantes damas
Detende vossa língua e usai vossos olhos;
E riam sem grande alarde,
Nem inciteis jogos de teor indecente ou grosseiro.
E jogueis apenas com os vossos pares,
Não tagareleis tudo o que ouvis;
E nem vos vanglorieis de vossas ações,
Por recompensa alguma ou deleite pessoal;
Mesmo dizendo o que queirais com um discurso justo,
Ainda assim vós poderíeis vos prejudicar.
Quando vós encontrares uma dignidade,
Não deveis permanecer de gorro ou capuz;
Na igreja, mercado ou nas portas,
A cumprimentai segundo vossa posição.
Se acompanhardes uma dignidade eminente
Cuja Arte seja superior à vossa,
Deixai que vá à frente e o segui logo atrás,
Pois este é o comportamento bom e sem faltas;
Quando falarem convosco, vos mantenhais calado,
Quando então se calarem, falai enfim o que quiserdes,
Em vosso discurso tende discrição,
E considerai bem o que direis;
Contudo não interrompais o discurso de ninguém,
Mesmo que este fale em virtude do vinho ou da cerveja.
Que Cristo então, de sua alta graça,
Vos reserve tanto a faculdade quanto a oportunidade,
De ler e conhecer bem este livro,
Para obterdes o Céu como recompensa.
Amém! Amém! Assim seja!
Todos nós digamos por caridade.

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