TORRE DE BABEL
O MANUSCRITO
COOKE
Tradução
– José Antonio de Souza Filardo
Damos
graças a Deus, nosso glorioso Pai, Criador do Céu e da Terra e tudo o que nela
está e que ele conhece [em virtude] de sua Gloriosa Divindade.
Ele
fez todas as coisas para ser obedecido, e muitas delas em benefício da
humanidade, lhes ordenou submeterem-se ao homem, porque todas as coisas que são
comestíveis e de boa qualidade [servem] para o sustento do homem.
E
também deu ao homem inteligência e habilidade em várias coisas, e arte, por
meio da qual podemos viajar por este mundo para assegurar a sobrevivência, para
fazer muitas coisas para a Glória de Deus e também para o nosso benefício e paz
de espírito.
Se
tivesse que enumerar todas essas coisas, levaria muito tempo para dizer e
escrever.
Mostrarei
uma delas, embora deixe outras: Isto é, a forma como começou a Ciência da
Geometria, e quem foram os criadores dela e de outras Artes, conforme revelado
na Bíblia e outras histórias.
Vou
narrar, como disse, como e de que modo começou e esta ciência digna da
Geometria.
Você
deve saber que existem sete Ciências Liberais e, logo saberá por que são
chamadas dessa forma, e porque destas primeiras sete se originam todas as
Ciências e Artes do mundo e, especialmente, porque aquela, a Ciência da
Geometria é a origem de todas.
Quanto
à primeira, que é chamada de fundamento da Ciência, é a Gramática, que ensina o
homem a falar e escrever de forma justa.
A
segunda é a Retórica, que ensina o homem a falar decorosamente de maneira
precisa.
A
terceira é a Dialética, e que ensina o homem a discernir o verdadeiro do falso,
e é comumente chamada de Arte ou [Filosofia].
A
quarta é chamada aritmética, e ensina aos homens a arte dos números, para
calcular e contar todas as coisas.
A
quinta é a Geometria, que ensina aos homens os limites e a medida e ponderação
dos pesos de todas as Artes humanas.
A
sexta é a Música, que ensina aos homens a Arte do canto nas notas da voz e do
órgão, da trompa, da harpa e todos os demais instrumentos.
A
sétima é a Astronomia, que ensina ao homem o curso do Sol e da Lua e de outros
planetas e estrelas do Céu.
Nosso
principal objetivo é tratar do primeiro fundamento da excelente Ciência da
Geometria, e de quem foram seus fundadores; como disse anteriormente, há sete
Ciências Liberais, ou seja, sete artes ou ciências, ou Artes que são livres em
si mesmas, as quais vivem apenas por meio da Geometria.
E
a Geometria é, como se diz, a medida da Terra: "Et sic dicitur a geoge pin
Px ter a Latine e metrona quod est mensura. Unde Geometria i mensura terre vel
Terrarum", ou seja, que a Geometria é, como eu disse, Geo, terra, e
metron, medida e, assim, o nome Geometria é composto, e se chama medida da Terra.
Não
se maravilhe que eu tenha dito que todas as Ciências vivem só pela Ciência da
Geometria, porque nenhuma delas é artificial [que pressuponha, como a
Geometria, o Artífice].
Nenhum
trabalho que o homem faça é realizado, a não ser por meio da geometria; uma
razão importante: Se um homem trabalha com as mãos e, trabalha então com
qualquer tipo de utensílio, e não há qualquer instrumento feito de coisas
materiais deste mundo que não venha da Terra e à Terra retorne, e não existe
qualquer instrumento, ou seja, utensílio de trabalho, que não tenha proporções.
E
proporção é medida, e utensílio ou instrumento, é Terra.
Por
isso, pode-se dizer que os homens deste mundo vivem através do trabalho de suas
mãos.
Muitas
outras provas eu te dei sobre a razão pela qual a Geometria é a Ciência da qual
vivem todos os homens razoáveis, mas desta vez não deixarei o longo processo da
Escritura.
E
agora prosseguirei com a minha tese; você compreenderá que, entre todas as
Artes do mundo, a [mais importante] é a Arte do Homem; a Arte da construção tem
a maior importância e a maior parte na Ciência da Geometria, conforme está
escrito e dito na história, na Bíblia, e no Polycronicon, uma crônica ilustrada
e na História de Beda, em De Immagine Mundi e no Ethimologiarum de Isidoro, em Metodio,
bispo e mártir, e em muitos outros; digo que a Maçonaria é a principal [Arte]
da Geometria, como penso que pode se dizer por que foi a primeira a ser criada;
como se diz na Bíblia, no Livro I do Gênesis, Capítulo 4.
E
também todos os Doutores mencionados o dizem, e alguns deles mais aberta e
simplesmente [com relação], ao que é dito na Bíblia.
O
Filho direto da linhagem de Adão, descendente das sete gerações de Adão antes
do dilúvio, foi um homem chamado Lameth, que tinha duas mulheres; da primeira,
Ada, teve dois filhos: um chamado Jabal e outro Jubal.
O
mais velho, Jubal, foi o primeiro fundador da Geometria e da Construção, e
construiu casas e é chamado na Bíblia de "pater habitancium in tentoriis
atque pastorum", ou seja, o pai dos homens que vivem em tendas, ou seja,
em casas.
E
foi professor de Caim e chefe de todos os seus trabalhadores quando construiu a
Cidade de Enoch, que foi a primeira cidade jamais construída, e que Caim
entregou a seu filho e a chamou Enoch.
E
agora é chamada Efraim.
E
a Ciência da Geometria e da Maçonaria foi primeiramente inventada e utilizada
como Ciência e Arte, e, portanto, poderíamos dizer que foi a origem e o
fundamento de todas as Artes e Ciências, e este homem, Jabal, foi chamado
"Pater pastorum”.
O
mestre da História e Beda, De Immagine Mundi, Polycronicón e muitos outros
dizem que, pela primeira vez ele fez a distribuição da Terra, de modo que cada
homem poderia individualizar (conhecer) seu campo e seu trabalho.
E
também dividiu rebanhos e ovelhas, e por isso podemos dizer que foi o primeiro
fundador dessa Ciência.
E
seu irmão Jubal, ou Tubal foi o fundador da Música e do canto, como afirma
Pitágoras no Polycronicón e mesmo Isidoro em suas Etimologias; em seu livro I
diz que foi o primeiro fundador da música e do canto, do órgão e da trompa, e
que encontrou a ciência do som através dos golpes dos metais, graças a seu
irmão Jubalcaín.
A
Bíblia diz na verdade no capítulo IV do Gênesis, que Lameth teve um filho e uma
filha com outra mulher chamada Zillah.
Seus
nomes eram Tubalcaím, o filho e a filha foi chamada Naamah, e com diz o
Polycronicón, era a esposa de Noé; se isto é verdade ou não, não sabemos.
Eu
lhe digo que este filho, Tubalcaín, foi o fundador da Arte da Metalurgia e de
todas as Artes dos metais, ou seja, do ferro, do ouro e da prata, como dizem
alguns Doutores, e sua irmã Naamah foi fundadora da Arte da Tecelagem, fiavam o
fio e trabalhavam o ferro e faziam vestimentas como podiam, mas a mulher Naamah
encontrou a arte da tecelagem, que agora é chamada de Arte das Mulheres; e
estes três irmãos sabiam que Deus se vingaria do pecado e com o fogo ou com a
água, e colocaram o máximo cuidado para salvar as Ciências que haviam
encontrado e se aconselharam entre si; e graças à sua engenhosidade, disseram
que havia dois tipos de pedra de tal qualidade que a primeira jamais podia ser
queimada, e esta pedra é chamada mármore, e que a outra pedra não podia ser
derretida, e esta pedra era chamado laterus.
E,
por isso, tiveram a ideia de escrever todas as ciências que tinham encontrado
nestas duas pedras, de modo que se Deus se vingasse com fogo o mármore não se
queimaria, e se Deus se vingasse com a água a outra pedra não se derreteria.
E
por isso pediram ao irmão mais velho de Jabal que construísse duas colunas com
estas duas pedras, ou seja, mármore e laterus, e que esculpisse nos dois
pilares todas as Ciências e a Artes que tinham encontrado.
E
assim foi feito e, por isso podemos dizer que eles foram muito hábeis na
ciência que se iniciou e que prosseguiu até ao seu final antes do dilúvio de
Noé; sabendo que a vingança de Deus iria ocorrer, seja por fogo ou água, os
irmãos - em uma espécie de profecia – sabiam que Deus ordenaria uma delas e por
isso escreveram nas duas pedras as sete Ciências, pois achavam que a Vingança
chegaria.
E
ocorreu que Deus se vingou e aconteceu tal dilúvio que todo o mundo ficou
submerso e morreram todos, menos oito pessoas.
Eles
foram Noé e sua esposa e seus três filhos e suas esposas, e destes filhos se
originou todo o Mundo.
E
[os três filhos] foram chamados assim: Sem, Cam e Japhet.
E
este Dilúvio foi chamado Dilúvio de Noé, porque só se salvaram ele e seus
filhos.
E
muitos anos depois do Dilúvio, como narra a Crônica, estas duas colunas foram
encontradas, e como diz o Polycronicón, um grande doutor chamado Pitágoras
encontrou uma, e Hermes, o filósofo encontrou a outra, e ensinaram as ciências
que encontraram escritas nelas.
Qualquer
crônica, a história e muitos outros documentos e, sobretudo a Bíblia
testemunham a construção da Torre de Babel, e está escrito na Bíblia, Gênesis,
capítulo X, que Cam, filho de Noé, gerou Nimrod, e que este se tornou um homem
forte como um gigante e que foi um grande rei.
E
o início de seu Reino foi o do verdadeiro Reino de Babilônia, de Arach e Archad
e Calan e da Terra de Senaar.
E
este mesmo Nimrod começou a construção da Torre da Babilônia, e ensinou a seus
trabalhadores a arte da medida, e tinha muitos construtores, mais de quarenta
mil.
E
ele os amava e os tinha em grande estima.
E
isto está escrito no Polycronicón e em outras Histórias e, em parte,
testemunhado na Bíblia, no Gênesis, capítulo X, onde se estipula que Asur, que
era um parente próximo do Nimrod saiu da Terra de Senaar e construiu a cidade
de Nínive e de Plateas e muitas outrAs, e assim diz: "De Terra illa i de Sennam
egressus est Asure et edificavit Nunyven et Plateas civitatis et Cale et Jesen
quoque inter Nunyven et hec est civitas magna".
A
razão exige que digamos abertamente como e de que forma foi fundado o ofício da
construção, e quem foi o primeiro a dar-lhe o nome de Maçonaria.
E
você deveria saber o que é dito e escrito no Polycronicón e em Metodio, bispo e
mártir, que Asur, que foi digno senhor de Senaar, solicitou ao Rei Nimrod que
lhe enviasse pedreiros e operários do Ofício que lhe pudessem ajudar a
construir a cidade que desejava edificar.
E
Nimrod lhe enviou trezentos maçons.
E
quando deviam partir, ele os chamou diante de si e lhes disse: "Vocês
devem se apresentar diante de meu primo Asur para ajudá-lo a construir uma
cidade, mas velem para que seja bem dirigida; vou lhes dar um encargo
proveitoso para vocês e para mim.
Quando
chegarem diante deste Senhor, procurem ser tão leais a ele quanto o são a mim;
façam, como se fossem irmãos e permaneçam lealmente unidos; e aquele que têm
maior capacidade ensine a seu companheiro e o impeça de se voltar contra seu
Senhor, para que assim eu possa receber o mérito e o agradecimento por tê-los
enviado a ele, e por ter-lhes ensinado a Arte. "
E
eles receberam o encardo de seu patrão e Senhor e chegaram diante de Asur e
construíram a cidade de Nínive, no país de Plateas, e outras cidades entre Cale
e Nínive.
E
assim, a Arte da construção foi engrandecida e imposta como ciência.
Nossos
primeiros antepassados, os maçons, tiveram esta responsabilidade, como está
escrito nos nossos Deveres, e também como já vimos escrito em francês, em
latim, e na história de Euclides; mas agora diremos de que maneira Euclides
veio a adquirir conhecimentos de geometria, assim como está escrito na Bíblia e
em outras histórias.
No
capítulo 12 do Gênesis diz-se que Abraão chegou à terra de Canaã e que o Senhor
lhe apareceu e disse: "Eu darei esta terra a ti e teus descendentes",
mas houve uma grande fome sobre a Terra e Abraão tomou Sara, sua esposa,
consigo e partiu para o Egito em peregrinação, e enquanto durou a escassez eles
permaneceram ali.
E
Abraão, como diz a Crônica, era um homem sábio e um grande Doutor e conhecia as
sete ciências e ensinou aos egípcios a Ciência da Geometria.
E
este digno Sábio Euclides foi seu aluno e aprendeu com ele.
E
eles deram pela primeira vez o nome de Geometria, porque antes não tinha este
nome.
Assim,
diz-se no Ethimologiarum de Isidoro, no livro 5, capítulo I, que Euclides foi
um dos fundadores da Geometria, e que lhe deu este nome porque naquele tempo
havia um rio no Egito, o Nilo, que cresceu até tal ponto na terra que os homens
não podiam habitá-la.
Por
isso, este digno estudioso, Euclides, os ensinou a fazer grandes paredes e
valas para reter a água e eles, com a geometria, mediram a terra e a dividiram
em muitas partes, e cada um fechou sua parte com paredes e valas, e por isso a
terra se tornou fértil e deu a todos os tipos de frutas e jovens, homens e
mulheres, mas eram tantos os jovens que não podiaM viver bem.
E
os governantes, senhores do país, reuniram-se no Conselho para ver como ajudar
a seus filhos que não tinham encontrado sustento.
E
neste Conselho estava este digno Douto Euclides, e quando viu que não podiam
decidir sobre o assunto, lhes disse: "Tomem seus filhos e coloquem-nos sob
o meu comando, e eu lhes ensinarei uma ciência tal que viverão com ela dos
Senhores, sob a condição de jurar que me serão fiéis e eu farei isso por vocês
e por eles.”.
E
o Rei e todos os Senhores o garantiram.
E
eles conduziram seus filhos diante de Euclides para que ele os guiasse ao seu
critério, e ele lhes ensinou esta Arte, a Maçonaria, e lhes deu o nome de
Geometria, devido à divisão do terreno que havia ensinado ao povo no tempo da
construção dos muros e fossos, e Isidoro disse no Ethimologiarum que Euclides a
chamou Geometria.
E
ele lhes deu o dever de chamar Companheiro uns aos outros, e não de outra
forma, porque pertenciam a uma mesma arte e eram de sangue nobre e filhos de
Senhores.
E
que o mais habilidoso deveria ser o guia no trabalho e ser chamado Mestre, e
lhes atribuiu outras tarefas que estão escritas no livro dos Deveres.
E
assim eles trabalharam com os Senhores da Terra, e construíram cidades,
castelos, templos e palácios.
Naquele
tempo, os filhos de Israel que viviam no Egito aprenderam a arte da Maçonaria.
E
logo, quando foram expulsos do Egito, chegaram à Terra de Behest, agora chamada
Jerusalém.
E
o Rei David iniciou a construção do Templo de Salomão.
O
Rei David amava os Maçons, e lhes deu direitos que não tinham antes.
E
na construção do Templo, nos tempos de Salomão, tal como referido na Bíblia, no
3º livro Regum, capítulo quinto, Salomão tinha oitenta mil construtores ao seu
serviço. E o filho de Tiro era seu chefe.
E
em outras crônicas e em outros livros de Maçonaria diz-se que Salomão lhes
confirmou a tarefa que Davi, seu pai, havia dado aos maçons.
E
o próprio Salomão lhes ensinou em formas pouco diferentes daquelas utilizadas
hoje.
E
desde então esta importante ciência foi levada para a França e outras regiões.
Houve
um tempo um digno Rei da França chamado Carolus Secundus, ou seja, Carlos II, e
este Carlos foi eleito Rei da França pela Graça de Deus e por sua estirpe.
E
este mesmo Rei Carlos era maçom antes de ser Rei e quando chegou a Rei amou os
maçons e os teve em grande estima, e lhes deu deveres e regulamentos em
conformidade com o seu plano, e alguns deles ainda estão em uso na França; e
ele mesmo determinou que devessem se reunir em Assembleia uma vez por ano para
falar entre si, Mestres e Companheiros, e para [decidir quem] havia de guiá-los
e [para acertar] todas as coisas erradas.
E
pouco depois Santo Adabelio chegou à Inglaterra e converteu Santo Albano ao
Cristianismo.
E
Santo Albano amava os maçons e lhes ensinou pela primeira vez os cargos e usos
na Inglaterra.
E
lhes fixou uma hora conveniente para lhes pagar pelo trabalho.
E
depois houve um importante rei da Inglaterra chamado Athelstan e seu filho mais
novo amava a Ciência da Geometria, e sabia bem que a arte manual do Oficio
praticava a ciência da Geometria como os Maçons, e por isso os [reuniu] em
Conselho e adotou a prática desta ciência na especulação, porque na especulação
era mestre e amava a Maçonaria e os maçons.
E
ele mesmo se fez Maçom e lhes deu cargos e nomes que ainda estão em uso na
Inglaterra e em outros países.
E
estabeleceu que [os Maçons] deveriam ser pagos razoavelmente por seu trabalho,
e conseguiu um decreto do Rei que [sancionou], o direito de se reunir em Assembleia
quando achassem que havia passado um período razoável e que viessem [escutar]
seus Conselheiros, como está escrito e se ensinava no Livro de nossos encargos
e deveres, pelo que deixo já o argumento.
Os
homens de bem, por esta razão e desse modo, [fizeram com que] começasse a
Maçonaria.
Ocorria
às vezes, que os grandes senhores não tinham grandes posses, e assim não podiam
ajudar seus filhos nascidos livres, porque tinham muitos e, portanto, se
aconselharam sobre a forma como lhes podiam ajudar, e estabelecer que pudessem
viver honestamente.
E
os enviaram aos Sábios Mestres da importante Ciência da Geometria, para que
eles, com sua sabedoria, pudessem dar aos filhos uma maneira honesta de viver.
Por
isso, um deles, chamado Englet, que foi um sábio fundador muito inteligente,
estabeleceu uma Arte e a chamou Maçonaria, e assim, com sua Arte, instruiu os
filhos dos grandes Senhores, a pedido dos pais e com a livre vontade dos
filhos; quando eles foram educados com grande cuidado, após um certo período,
nem todos foram igualmente capazes, de forma que o referido Mestre Englet
determinou que todos os que terminaram [a aprendizagem] com habilidade deveriam
ser admitidos [no ofício] com honras, e chamou o mestre mais qualificado para
instruir os mestres menos qualificados, e foram chamados mestres pela nobreza
de seu engenho e por sua habilidade na arte.
Assim,
a referida Arte, iniciada na terra do Egito, se espalhou de Terra em Terra, de
Reino em Reino.
Depois
de muitos anos, na época do Rei Athelstan, que foi rei da Inglaterra, seus
conselheiros e de outros grandes senhores, de comum acordo, devido a graves
culpas lançadas contra os maçons, estabeleceram certa regra para eles; uma vez
ao ano, ou a cada três anos [se isso correspondia] aos desejos do rei e dos
Grandes Senhores do País e do povo, de província em província, e de país em país,
se reuniriam em Assembleia todos os maçons e companheiros da referida Arte, e
em tais reuniões os mestres seriam examinados sobre os artigos [da Constituição], que foram logo escritos e se estabeleceu
que fosse verificado se os mestres eram capacitados e habilitados, em benefício
de seu Soberano e para honrar sua Arte.
E,
além disso, foi estabelecido que devessem cumprir bem seu encargo de empregar
os bens, grandes ou pequenos, de seus senhores, porque deles recebiam o
pagamento por seu serviço e seu trabalho.
O primeiro
artigo é o seguinte:
Que cada mestre desta arte deve ser sábio e leal ao Senhor a quem serve; e não
pagar a nenhum trabalhador mais do que ele pense que seja merecido,
distribuindo seus benefícios realmente como gostaria que fossem distribuídos os
seus, depois de ter [levado em conta] a escassez de grãos e alimentos no país,
e não prestando quaisquer favores, para que todos possam ser remunerados de
acordo com o seu trabalho.
O segundo
artigo é o seguinte:
Que cada mestre desta arte deverá ser informado antes de entrar em sua
Comunidade; que sejam [recebidos] como convém; que não possam ser desculpados
[por sua ausência], senão somente por algum motivo [válidos].
Mas
se forem considerados rebeldes [diante de] tal Comunidade, ou culpados de
qualquer forma, de danos aos próprios Senhores, os autores nesta Arte não serão
perdoados de forma alguma, [e serão julgados e será verificada] sua expulsão, e
quando se encontrarem [em perigo de morte], [ou enfermos], sem risco de morte,
o mestre que seja o chefe da Assembleia [quem o deve julgar] será avisado.
O terceiro
artigo é este:
que nenhum mestre tome um aprendiz por um período inferior a sete anos, pelo
menos, porque, em um período mais curto, não pode chegar adequadamente à sua
Arte e, portanto, não será capaz de servir fielmente ao seu Senhor, e de
compreender [a Arte] como um Maçom deve compreendê-la.
O quarto
artigo é este:
que nenhum mestre tome para educar, sem proveito qualquer aprendiz ao qual esteja
ligado por vínculos de sangue, já que, devido ao seu Senhor, a quem está
ligado, o desviará de sua Arte e poderá chamá-lo diante de si fora de sua Loja
e do lugar onde trabalha; porque seus companheiros talvez lhe ajudem e lutem
por ele, e aqui poderia surgir um homicídio, o que é proibido, e também devido
a que sua arte começou com os filhos de grandes senhores, nascidos livres, como
já foi dito.
O quinto
artigo é este:
que nenhum mestre envie seu aprendiz, durante o tempo de sua aprendizagem a
outro, pois nenhum benefício pode advir disso, e embora pense que pode agradar
a seu novo Senhor, o mais importante é o benefício que o Senhor poderá obter do
lugar onde foi treinado em seu ensino.
O sexto artigo
é o seguinte:
que nenhum mestre, por ganância ou proveito, tome aprendizes para lhes ensinar
coisas imperfeitas, e que tenham mutilações e, portanto, não possam realmente
como deveriam.
O sétimo
artigo é o seguinte:
Que nenhum mestre seja visto ajudando ou protegendo, ou sendo o sustento de
qualquer ladrão noturno, pelo qual [por causa do roubo] seus companheiros não
possam cumprir com o trabalho diário e não possam se organizar.
O oitavo
artigo é o seguinte:
Que não ocorra quer qualquer Maçom que seja perfeito e hábil venha buscar
trabalho e encontre um modo de trabalhar imperfeito e incapaz; o mestre do
lugar receberá o maçom perfeito e dispensará o imperfeito em benefício de seu
Senhor.
O nono artigo
é o seguinte:
que nenhum mestre assuma o lugar de outro, porque foi dito na arte da construção,
que ninguém deverá terminar um trabalho iniciado por outro, em benefício de seu
Senhor; assim, quem já o começou [tem o direito de] acabar ao seu próprio modo,
e sejam quais forem os seus métodos.
Esta resolução
foi adotada por vários senhores e mestres de diversas províncias e Assembleias
de Maçonaria, e diz o seguinte:
O primeiro
ponto:
é necessário que todos os que desejam ser Companheiros da referida arte Jurem
por Deus, pela Santa Igreja e por todos os Santos, diante de seu mestre e seus
Companheiros e irmãos.
O segundo
ponto:
ele [o companheiro] deve cumprir seu trabalho diário, em virtude do que lhe foi
pago.
O terceiro
ponto:
ele [deve aceitar] as decisões dos seus companheiros em Loja e em Câmara e em qualquer
outro lugar.
O quarto
ponto:
Não enganará a sua Arte, nem a prejudicará, ou sustentará afirmações contra a
Arte ou contra alguém da Arte, senão que os manterá com dignidade porque ele
pode.
O quinto
ponto:
Quando receba seu pagamento, o tomará humildemente, já que o mestre estabeleceu
o tempo do trabalho e o resto (por ele) ordenado está permitido.
O sexto ponto: Se surgir
qualquer discórdia entre ele e seus companheiros deverá obedecer humildemente e
permanecer às ordens do mestre, ou na sua ausência, ao vigilante [nomeado] pelo
mestre; e na próxima festa religiosa se colocará à disposição dos Companheiros;
não em um dia útil, deixando o trabalho e o proveito de seu Senhor.
O sétimo
ponto:
Que não deseje a esposa ou a filha de seu mestre ou de seus companheiros, e se
for casado, não tenha amante, porque poderiam surgir divergências entre eles.
O oitavo
ponto:
se acontecer de ser nomeado vigilante por seu mestre, que seja um transmissor
seguro entre seu mestre e seus companheiros, e na ausência de seu mestre,
substituindo-o com empenho, para a honra do mestre e vantagem do Senhor a quem
serve.
O nono ponto: se for mais
sábio e agudo que o companheiro que trabalha com ele na Loja ou em qualquer
outro lugar, e se perceber que o outro deve deixar a pedra sobre a qual está a
trabalhar por falta de habilidade, deverá instruí-lo para que o amor cresça
entre eles e a obra do senhor não seja perdida.
Sobre a Assembleia
de Justiça.
Quando
o Mestre e os Companheiros sejam avisados e chegam a tais Assembleias, se for
preciso serão convidados a participara junto com os companheiros e o mestre da
Assembleia, o xerife do condado, o prefeito da cidade, e o conselheiro mais
antigo da Cidade onde se celebra a Assembleia, para servir de ajuda contra os
rebeldes e para manter o direito do Reino.
Em
princípio [entram no Ofício] homens novos que nunca foram condenados, de modo
que não sejam nunca ladrões, ou [cúmplices] de ladrões, e que desenvolvam seu
trabalho diário pela recompensa que recebem de seu Senhor, e dêem um verdadeiro
resumo a seus Companheiros das coisas que devem ser explicadas e escutadas, e
os amem como a si mesmos.
E
devem ser leais ao Rei da Inglaterra e ao Reino, e ater-se com todas as suas
forças aos artigos mencionados.
Depois
disso será perguntado se algum mestre ou companheiro que tenha sido instruído
infringiu algum artigo e ali se estabelecerá se nunca fez tais coisas.
Por
isso, vale dizer, se algum Mestre ou Companheiro que tenha sido avisado [da
acusação], antes de vir a tal Assembleia, se rebela e não comparece, ou ainda
tenha transgredido algum artigo, se isso for demonstrado, deverá renegar sua
qualidade de membro da Maçonaria, e não poderá, jamais, usar sua Arte.
E
se ousar praticá-la, o Xerife do país em que for encontrado trabalhando deverá
colocá-lo na prisão e colocar todos os seus bens nas mãos do Rei até que seja
mostrada e concedida a graça.
Por
este motivo, [os participantes] nesta Assembleia estabeleceram que tanto o mais
baixo quanto o mais alto deve ser fiel servidor de sua Arte em todo o Reino da
Inglaterra.
Amém.
Assim
seja.
NOTAS:
O
Manuscrito Cooke, conservados no Museu Britânico, deve seu nome ao seu primeiro
editor, Matthew Cooke, História e artigos da Maçonaria, Londres, 1861.
Datado
de cerca de 1410 ou 1420, mas é a
transcrição de uma compilação que remonta talvez a mais de um século atrás.
É
dividido em duas partes: A primeira, constituída por dezenove artigos, é uma
história da geometria e da arquitetura.
A
segunda é um "Livro de deveres", que inclui uma introdução histórica,
nove artigos relativos à organização do trabalho teriam sido promulgados
durante uma assembleia geral no tempo do rei Athelstan, nove conselhos de ordem
moral e religiosa e quatro regras relativas à vida social dos maçons.
O
termo especulativo aparece neste documento.
O
manuscrito Cooke serviu de base para os trabalhos de George Payne, segundo Grão
Mestre do Grande Loja de Londres, que os adoptou a um primeiro regulamento em
1721.
Também
aparece como a principal fonte em que
Anderson se inspirou para escrever o seu Livro das Constituições (1723).
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