A CAPELA DE ROSSLYN
A MAÇONARIA
OPERATIVA ESCOCESA
A LOJA DE
KILWINNING
A
tradição maçónica atribui a fundação da primeira
Loja do Rito Escocês à obscura aldeia
de Kilwinning, lenda que não encontra mais aceitação entre os
historiadores. Entretanto, o que tinha dado certa aparência de base a essa
tradição é a existência nessa localidade de ruínas de uma abadia, destruída
durante a Reforma.
"A abadia
de Kilwinning acha-se situada na bahia de Cunningham, cerca de três milhas ao
norte do burgo real do Irving, próximo ao Mar da Irlanda. A abadia foi fundada,
no ano 1140, por Hugh Morville,
Condestável da Escócia, e dedicada a São
Winning, sendo projectada por uma companhia de monges da Tyronesian Order, mandada vir de Kelso.
O edifício foi construído com muitas despesas e muita magnificência, visto que,
ao que se diz, tinha ocupado vários acres de terreno em sua total
extensão." (l)
Lorenzo
Frau Abrines afirma, todavia, que foi assim chamada uma torre da Escócia,
primeira construção dos Maçons daquele país. (2) Outros (3) asseguram, porém,
que a lenda surgiu do fato de se pretender que uma Loja existiu, no século XV,
ligada à abadia. Outra tradição nos chega através do trabalho do Rev. W. Lee
Ker, Mother Lodge of Kilwinning; do
qual Albert Lantoine reproduz uma passagem, na qual afirma o Reverendo existir
"uma tradição que se acredita poder
fazer remontar no ano 1658, pela qual a Loja de Perth declara que o templo dos
freemasons de Kilwinning era o primeiro a ser instituído na Escócia e que esta
tradição podia ser fixada no ano 1190." (4)
Kilwinning
foi envolvida em muitas lendas e supostas tradições, confidenciadas por uns,
sem qualquer prova, e aceites por outros com toda a boa fé, inclusive por
escritores como Mackey. No entanto,
historiadores modernos como o Ir:. D. Murray Lyon - que Mackey, a quem a lenda
agradava pela sua ligação com o Rito Escocês, trata de iconoclastas - destruíram
não somente esta, mas ainda outras lendas que lhe estavam ligadas, como a da
fraternidade secreta de Harodim, instituída por Robert Bruce rei da Escócia, em Ki1winníng, tendo preferido
trabalhar sobre documentos mais positivos e sobretudo autênticos.
Entretanto,
em 1598 e em 1599, foram publicados os denominados Estatutos Schaw, regulamentos decretados por William Schaw, Arquitecto do
Rei e Vigilante Geral dos Pedreiros
da Escócia.
O primeiro é dirigido a todos os
Maçons, o segundo, porém, estabelece a antiguidade das Lojas então existentes
na Escócia e estatui o seguinte:
"É declarado necessário e expediente por
milord o vigilante geral que Edimburgo será em todos os tempos, como
anteriormente, considerada a primeira Loja, e Kilwmning como a segunda, por ser
notoriamente manifesto em nossas antigas escrituras que era considerada como
tal antes, e que Sterling será a terceira, em consequência de antigos
privilégios." (5)
Através
dos estudos e pesquisas a que se dedicara o historiador inglês R. F. Gould, a fim de estabelecer o
histórico da Maçonaria na Escócia, tendo por base as actas e os registos das
lojas, verificou que enquanto a Loja de
Edimburgo conservava tais documentos desde o ano 1599, os da Loja de
Ki1winning datavam apenas de 1642.
Este
facto teve muita importância em 1736, quando da convenção de Saint-Mary's Chapell, convocada para a fundação da Grande Loja da Escócia.
Nesta ocasião, a Loja de Ki1winning apresentou a sua pretensão de ser a mais
antiga loja da Escócia e que tinha portanto direito de ser registada, na
relação das Lojas, com o N.º 1. Não lhe foi possível, não obstante, apresentar
documentos hábeis que sustentassem estes pretensos direitos: "Reivindicou uma primazia que a levou a ficar
solitária de 1744 a 1807. Agora, porém, aparece no começo da Lista das Lojas da
Escócia, com o número 0 e a precedência de antes de 1598". (6)
OS BARÕES DE
ROSLIN PATRONOS DA MAÇONARIA ESCOCESA
Um
documento datado de 1601, ou seja uma das duas Cartas de Saint-Clair, declara que os Senhores de Roslin eram desde séculos patronos e protectores do Ofício de Pedreiro na Escócia,
afirmando o Pocket Companion que o título teria sido concedido em 1441 pelo Rei Jaime II da Escócia, à perpetuidade, para ele e seus
sucessores, a William Saint-Clair, Conde de Orkney e Caithness, Barão de
Roslin.
Aquele
monarca teria também outorgado um direito de jurisdição aos mestres das lojas
da Escócia. Foram autorizados a estabelecerem tribunais particulares em todas
as grandes cidades e no interesse dos privilégios dos pedreiros. Havia, porém,
a obrigação de pagarem ao Estado uma taxa de quatro libras escocesas percebida
sobre cada pedreiro que passasse a mestre, podendo, além disso, impor a cada
novo membro um direito de recepção. (7)
William
Saint-Clair era descendente de uma família francesa que acompanhara Guilherme o Conquistador à Inglaterra.
Sob o reinado de Jaime V (1513-1542)
da Escócia, pai de Maria Stuart, e humanista fervoroso, o Senhor de
Saint-Clair daquela época teria feito uma viagem
à Itália. Voltara entusiasmado pelo que vira, e logo mandou trazer
construtores italianos a quem confiou a edificação de uma capela no seu domínio de Roslin, "Esta capela ainda hoje está em pé, admirada pelos visitantes pela
qualidade de seus ornatos arquitectónicos, onde resplandece todo o simbolismo maçónico
da época.
"Não
satisfeito de construir uma capela, uniu-os aos pedreiros escoceses, depois
organizou-os em confraria, outorgando-lhes uma Carta. Desde então sob a protecção
do rei, que se teria nela filiado como membro honorário, ao que parece, esta
confraria teve grande desenvolvimento." (8)
Não
sabemos que crédito podemos dar a esta informação de Berteloot, que muito se parece às narrativas dos apologistas maçons
do século XIX. Limitamo-nos a reproduzi-la sem, garantir a sua autenticidade.
AS SAINT-CLAIR
CHARTERS
São
dois documentos do maior interesse da Maçonaria operativa escocesa. Um de 1601,
a que já nos referimos, o outro de 1628.
O
documento de 1601 contém uma petição em beneficio dos Senhores de Roslin,
afirmando que depois deles terem sido, durante séculos, patronos e protectores
do Ofício de Pedreiros na Escócia, esta tutela tinha sido deixada cair em vacância
de modo que, com a expressa autorização de William Saint-Clair, quando o
castelo de Roslin fora tomado e incendiado pelo Conde de Hertford, os pedreiros
escoceses resolveram outorgar aos barões de Saint-Clair nova Carta de jurisdição
sobre eles.
O
novo documento, que não traz data, foi lavrado em Edimburgo pelo tabelião
Laurentius Robesom. Nele são reconhecidos e novamente confirmados todos os
privilégios e prerrogativas outorgados aos Saint-Clair pelo soberano do Estado.
O
outro documento, ou seja a Carta de 1628, confirmando o precedente de 1601 e
completando-o, outorga a jurisdição de todos os pedreiros da Escócia à família
de Saint-Clair de Roslin. Foi assinado pelos representantes das Lojas de Edimburgo, Dundee, Glasgow,
Sterling, Dumfermline, Ayr e Saint-Andrews.
Este
último documento não chegou a ser reconhecido pela coroa, por ter o Rei Carlos
I indicado, em 1629, Sir Anthony
Alexander para Mestre da Obra e Vigilante Geral, e sumaria¬mente posto de
lado a pronta objecção de William Saint-Clair. (10)
Como
já dissemos, esta Carta está sem data, supondo Findel que ela deve datar dos
anos 1628 a 1630. E este historiador observa: "Por esses documentos, verificamos que a Maçonaria operativa escocesa
tornara-se uma espécie de "companheirismo", destinado a manter entre
os operários de um agrupamento ou ofício as tradicionais práticas estabelecidas
para o exercício do mesmo".
A
decadência que paulatinamente atingiu estas associações operativas escocesas
chegou a tal extremo que, em 1695 todas
as antigas Lojas da Escócia haviam cessado de trabalhar.
OS ESTATUTOS
SCHAW
A
Maçonaria escocesa não possuiu Old Charges como a sua congénere inglesa. As
poucas cópias encontradas foram visivelmente copiadas de fontes inglesas, e uma
ou duas concitam ingenuamente os profissionais escoceses a serem leais ao Rei
da Inglaterra. (11)
Não
obstante, a Maçonaria escocesa possui outros documentos do período operativo,
como, por exemplo, as Cartas de
Saint-Clair e, principalmente, os Estatutos
Schaw que nenhum outro supera.
Na
qualidade de Mestre das Obras da Coroa da Escócia e Vigilante Geral dos
Pedreiros, William Schaw
(1550-1602), que fora nomeado para este cargo, em 1593, por Jaime VI, promulgou dois regulamentos,
em 1598 e 1599, os quais organizavam a associação e regulamentavam a profissão.
O
primeiro, datado de 28 de Dezembro de 1598, está escrito em papel e redigido em
dialecto escocês: “Embora contendo
substancialmente os regulamentos gerais encontrados nos manuscritos ingleses,
deles difere materialmente em muitos particulares. Mestres, Companheiros e
Aprendizes são claramente referidos, mas só como gradações de posição, e não
como graus, e a palavra Ludge ou Loja é constantemente usada para definir o
lugar de reunião." (12)
Este
regulamento circulou por todas as lojas escocesas e uma cópia dele consta do
primeiro livro de actas da Loja Saint
Mary's Chapell, de Edimburgo. Outra cópia existe no livro de actas da
adormecida Loja de Aitchinson's Haven,
enquanto o original desta e o segundo documento datado de 1599, são conservados
pela Loja de Kilwinning. (13)
Bernard E. Jones nos fornece um resumo deste célebre documento: “Ordena-se aos Irmãos que observem as
ordenações e sejam leais para com os outros, obedientes aos Vigilantes, Diáconos
e Mestres, sendo honestos, diligentes e rectos.
"Ninguém
poderá tomar a seu cargo um trabalho a menos que possa completá-lo
satisfatoriamente, e nenhum Mestre poderá suplantar outro, ou aceitar um
trabalho incompleto, sem que o primeiro
Mestre seja devidamente satisfeito.
"Será
feita anualmente a eleição de um Vigilante. (14)
"Nenhum
Mestre poderá ter mais de três Aprendizes no decorrer de sua vida e o aprendiz
não lhe deverá ser confiado por um espaço inferior a sete anos, e não poderá
ser feito Companheiro se não tiver servido por um espaço adicional de sete
anos. É proibido aos Mestres vender os seus Aprendizes ou receber um Aprendiz
sem informar o Vigilante da Loja para que o seu nome e data de recepção sejam
devidamente registados.
"Nenhum
Mestre ou Companheiro do Oficio poderá ser aceito ou admitido, a não ser em
presença de seis Mestres e dois Entered Apprentices, (15) sendo o Vigilante da
Loja um dos seis. A data deverá ser devidamente registada e "o seu nome e
a sua marca (16) insertos" no referido livro, junto com os nomes dos seis
Mestres, dos Aprendizes e do Intendente.
"Ninguém
poderia ser admitido sem um exame e uma prova de perícia. Um Mestre não está
autorizado a empregar-se em trabalho a cargo de outro artífice, ou receber
cowans (17) para trabalharem em sua sociedade ou companhia, ou mandar algum de
seus serventes trabalhar com eles. Os Aprendizes Entrados não podem
encarregar-se da execução de trabalhos acima do valor de dez libras.
"Qualquer
contenda entre Mestres, Companheiros e Aprendizes deverá ser notificada à Loja
dentro de vinte e quatro horas, e sua decisão aceita. Mestres e outros são obrigados
a todas as precauções indispensáveis na montagem do andaime, e se ocorrerem
acidentes por sua negligencia não poderão actuar como Mestres, ficando sujeitos
a outros.
"Os
Mestres não poderão receber Aprendizes fugitivos.
"Todos os
membros devem assistir às reuniões quando legalmente prevenidos, e todos os
Mestres presentes em qualquer assembleia ou reunião deverão jurar "por seu
grande juramento" não esconder ou ocultar qualquer prejuízo causado a
alguém ou ao proprietário do trabalho. Finalmente, as várias multas atribuídas
ao que precede devem ser cobradas e distribuídas pelos oficiais da Loja." (18)
O
segundo Estatuto de Schaw, como já
vimos, determina que a Loja de Edimburgo devia ser considerada a primeira Loja
da Escócia e Kilwinning a segunda, Sterling seria a terceira "em consequêcia de antigos
privilégios". Esta é a primeira vez na história em que se fala de
Lojas como corpos de pedreiros organizados.
Os
Vigilantes (Mestres) de cada Loja são responsáveis perante as autoridades pelos
pedreiros sujeitos à sua loja, e regulam a eleição desses Vigilantes. Autoriza
aos Vigilantes de Kilwinning a examinar as habilitações dos Companheiros que
estão dentro do seu distrito sobre a sua arte, profissão ou ciência, com o objectivo
de tornar tais Vigilantes devidamente responsáveis por estas pessoas como
sujeitas a eles.
Os
Companheiros de Ofício na entrada, e antes de sua admissão, devem pagar à loja dez libras com dez
shillings pelo valor das luvas,
estando nesta importância incluído o valor do banquete.
Os
Companheiros não poderão ser admitidos sem uma prova de habilitação suficiente.
Os Aprendizes, na admissão, devem pagar seis libras para o banquete em comum,
ou pagam a refeição. Os Vigilantes e Diáconos da Loja de Kilwinning devem tomar
anualmente o juramento de todos os Mestres e Companheiros do Ofício confiados
ao seu cuidado, e os mestres e seus serventes ou aprendizes não devem trabalhar
com cowans.
Os
Estatutos de Schaw eram considerados
na Escócia com a mesma veneração que os ingleses demonstravam aos seus Old Charges. Cada Loja escocesa possuía
uma cópia desses estatutos que lhe serviam de referência e constituíam a autoridade
sob a qual eram controlados os membros operativos.
Em
1952, o Conde de Eglington doou à Grande Loja da Escócia os originais dos
Estatutos de Schaw, os quais se acham, agora, conservados na Biblioteca da
Grande Loja.
CARACTERÍSTICAS
DA MAÇONARIA OPERATIVA ESCOCESA
Além
dos documentos descritos nas páginas que precedem, a Maçonaria escocesa possui
velhos documentos em grande qualidade inclusive livros de atas de lojas, os
mais antigos dos quais são os da Loja de Edimburgo. Esta Loja, Guilda ou
Corporação dos Construtores e Pedreiros de Edimburgo "que se reúne em Saint-Mary's Chapell sobre a Ponte Sul" foi
estabelecida em 1475.
Na
Inglaterra, como já vimos, a associação que prevaleceu sobre as demais foi a
corporação, já na Escócia não se sabe se foi a corporação ou a loja que surgiu
primeiro (21). Com referência aos livros de actas J. Marquês-Riviére escreve: "possuímos
as actas de Lojas escocesas tais como a de Saint-Mary's de Edimburgo, que data
de 1475, e cujos textos remontam até
1599. Possuímos as actas das Lojas de Glasgow desde 1620,
Scoon e Perth (1658), Aberdeen (1670). Melrose (1674), Dumblanc (1675),
Dumfries (1687). (22)
Albert
Lantoine acrescenta a esta relação as actas da Loja de Kilwinning, que começam
em 1642, e diz que o historiador
inglês Gould pôde, por meio delas e dos registos ainda existentes fazer o
histórico da Maçonaria Operativa na Escócia (23) .
A
Maçonaria operativa escocesa teve características próprias, as quais, tão logo
surgiu a Maçonaria especulativa, nela foram introduzidas fazendo parte integral
do ritual maçónico, como veremos.
O
termo loja, por exemplo, adquire na Maçonaria Operativa escocesa uma extensão
que não possui na organização inglesa. Os Estatutos Schaw usam esta palavra para
se referirem a uma organização sempre bem conhecida e significando um corpo de
pedreiros controlando o trabalho de construção numa determinada cidade, o que
Douglas Knoop chamou uma "Loja Territorial" para diferenciá-la da
reunião dos maçons operativos de uma loja, ou
do alpendre levantado ao lado de uma construção (24).
Por
outro lado, para o talhador de pedra, os escoceses não usam o termo de
freemason, empregado pelos ingleses, dizem simplesmente mason. Para eles freemason tem o significado de um pedreiro
aceito na guilda como um homem livre. (25)
Embora
a Maçonaria seja um produto genuinamente inglês, está fora de dúvida que os homens
que a organizaram, e principalmente o Dr. Anderson
que era escocês, (26) foram buscar na Escócia muitos elementos constitutivos:
graus, toques, palavra de passe, etc.
Os Estatutos de Schaw devem ter sido para eles o manancial no qual foram buscar
os materiais necessários para que fosse dada forma ao ritual e à associação na
sua fase especulativa. Posteriormente, sob o nome de Escocismo (27), outros foram encontrar bases diferentes para mais
um desenvolvimento da Instituição.
Sabe-se,
por outra, que John Boswell, Laird de
Auchin¬lech, foi recebido Maçom, a 8 de Junho de 1600, na Loja de
Saint-Mary's Chapell, de Edimburgo, sendo, portanto, o primeiro maçom "aceito" conhecido (28).
Até
as perseguições de que foram
posteriormente vitimas os Maçons, parecem um legado da Maçonaria Operativa escocesa,
onde já existia aversão pelo vocábulo mason. Em sua History of the Lodge of
Edimburgh, refere David Murray Lyon que sendo Rev. James Ainslie acusado de ser
Maçom, os membros do presbitério de Kelso, a 24 de fevereiro de 1652 deram-lhe
julgamento favorável.
Existe
ainda na Maçonaria escocesa a particularidade do Mason's word, a Palavra do
Maçam: Distinguia o Pedreiro habilitado do pedreiro grosseiro, do cowan, da
qual não foram encontrados vestígios nos documentos medievais ingleses (29). O
Mason’s word, ao que tudo indica, era também transmitido aos Maçom aceitos.
"As Lojas
têm com certeza a Palavra, que é algo mais que uma expressão. O Rev. Robert
Kirk, Ministro de Aberfoyle, fazia uma descrição, em 1691, dizendo que era algo
"parecendo uma tradição rabínica, uma passagem comentando Jachin e Boaz, os dois Pilares erigidos
no Templo de Salomão (I Reis, VII, 21) com a audição de algum sinal secreto, transmitido
de mão para mão, pelo qual se reconhecem e se tornam familiares um com o outro."
"A descoberta dos catecismos descritos em
outra parte, confirmou que no encerramento da cerimonia de admissão a palavra
circulava entre os irmãos e que havia dois graus distintos, o Entered
Apprentice e o Companheiro ou Mestre (30)".
O
Rev. Kirk afirmou em seu livro que
tinha encontrado "cinco curiosidades
na Escócia, que não são observadas em outra parte". A segunda era a
Palavra do Maçom. (31)
De
acordo com o Manuscrito Edinburgh
Register House de 1696, havia na Maçonaria operativa escocesa, por ocasião
da admissão dos candidatos, trotes nos quais "o decoro era notável pela sua ausência". Também indica a
existência de dois degraus em cerimónias separadas sendo um conferido aos
entered apprentices, a outra aos Companheiros ou Mestres.
Em
1670, a Loja de Aberdeen admitia os
seus aprendizes em importante cerimónia na qual não somente lhe era comunicada
a Palavra do Maçom, mas também lhes era lida perante a Loja uma versão das Old Charges, assim como as Leis e os
Estatutos da Loja.
O
mesmo manuscrito indica que a pessoa admitida na associação era introduzida por
uma versão dos cinco pontos da companhia, os quais diferiam apenas em detalhes
da que hoje possuímos (32)
Todos
estes fatos, que apontam a origem de muitos usos e costumes maçanicos, nos
levam a pensar que a parte trazida pela Maçonaria operativa escocesa, na
organização da Maçonaria especulativa, foi bastante considerável. Aliás, isto
não escapou aos estudiosos do assunto, conforme se pode ler na excelente The Pocket History of Freemasonry: "Uma sugestão foi feita recentemente,
que deu causa para muita controvérsia, é que a ponte entre a Maçonaria Operativa e a Especulativa assentaria
principalmente na Escócia, em fins da Era Operativa, e na Inglaterra, na
época especulativa. Que poderemos inferir de tão útil informação?"
(33)
NOTAS
E REFERÊNCIAS
1
- Albert G. Mackey - An Encyclopaedia 01 Freemasonry - Art.
KiIwinning.
2
- Lorem~o Frau Abrines - Diccionario Enciclopedico Abreviado
de Ia. Masoneria - Artigo Kilwinning.
3 -- Fred L.
Pi.1{e & G. Norman Knight - The Freemason's l'ocket;
Reference Book - F. Muller Ltda. -
London - 1955, pág. 152.
4 - Albert
Lantoine - La Franc-Maçonne.rie chez ElIe - EmlIe
Nourry - Paris - 1925, pág. 126.
6 - 1<'red
L. Pike & G. Norman Knight - The Pocket History 01
Freemasonry - F. Muller Ltd - London -
1963 pág. 172.
7
- Paul Naudon - Origines Religieuses et Corporatives de Ia
Franc-Maçonnerie, pág. 223.
8- J.
Berteloot - Les Francs-Maçoll!1 devant I'Histoirc - J!:d. du
Monde Nouveau - ParIs - 1949 ,págs.
41-42.
Referindo-se
à Capela de Roslin, o The Freemason's Pocket Refel'ence Book observa: "A Pedra fundamental da Capela de Roslin foi
colocada em 1446 e a construção foi concluía da antes do fim do século. O fundador,
Slr William Saint-Clair faleceu
antes da conclusão da obra e foi enterrado na capela' inacabada que é um museu de
trabalho arquitectural!. Conta-se que um
dos mais lindos pilares foi esculpido por um aprendiz durante a ausência do seu
mestre que, na sua volta, inflamou-se de inveja, matando o aprendiz com um golpe
de malhete."
Não
será estranho que os ritualistas Maçons do século XVII! que andavam às
apalpadelas, tivessem ido buscar nesta lenda um dos elementos constitutivos da Lenda de Hiram.
9 - The Pockd
Bistory of Fr., pág. 173.
10
- Idem, pág. 173. - Dissemos em nossa História da Maçonaria, págs. 136-137 que,
tendo resignado, a 24 de Novembro de 1738, desses direitos hereditários, que
por sinal, naquela altura, não valiam mais grande coisa, a fim de não "causar prejuízo aos interesses da corporação
de que eram membros, um descendente dos Roslin, também de nome William, foi
eleito, a 30 do mesmo mês, primeiro Grão-Mestre da Grande Loja da Escócia que
acabava de ser constituída.!
11 - The
Pocket History pág. 171.
12 - Mackey -
Encyclopedia - Artigo Schaw, Statutes. 13 - The Pocket Reference Book - pág.
240.
14
~ Aqui, Vigilante tem o sentido de
Mestre da Loja, ou Venerável.
15
- Entered Apprentice, ou Aprendiz Entrado ou Introduzido, era assim chamado
aquele que depois de completar o seu aprendizado, permanecia mais sete anos de
tempo adicional, antes de ser feito Companheiro. Era registado nos livros da
guilda, mas ainda não obtivera do seu mestre a liberdade de trabalhar como
operário por sua própria conta. Era um estagiário, como diríamos actualmente.
Neste estágio, era provável que tivesse recebido a Palavra do Maçom, sendo
Knoop de opinião que tal coisa teria sido estabelecida por volta do ano 1550.
18
- Durante o período operativo, cada talhador de pedra tinha uma marca particular que esculpia nas pedras
por ele trabalhada. Era como se fora a sua assinatura nos trabalhos que
executava. As marcas eram desenhos geométricos representando cruzes, rodas, objectos
os mais variados, peixes, etc., existindo, na relação apresentada por Bernard E.
J'ones, na sua obra, sob o n.º 44, encontrada no Stcnyhurst College, uma igual
ao símbolo do IV Centenário do Rio de Janeiro.
Os
Estatutos de Torgau de 1462 referem-se a uma festa solene de admissão, na qual não
era permitido ao trabalhador o uso de sua marca, que lhe era proibido gravar
antes de ser examinado e aprovado pelo Mestre ou pelo Vigilante da. Loja. Segundo
o The Pocket Reference Book. pág. 1'7'2, a Loja de Aberdeen possui um bonito livro
de Marcas, datando de 1670.
17
- É o operário grosseiro que não possui o Mason's Word. Posterriormente, o
vocábulo adquiriu o sentido de "profano".
18 - Bemard E.
J'ones - Freemasons Guide and Compendium páginas 128-129.
19 - Idem,
pág. 129.
20 - The
Pocket History, pág. 289.
21
- Bernard E. J'ones, ob. cito pág. 125.
22
- J. Marquês-Riviêre - Bistoire de La F. M. Française, pág. 40. 23 - A.
Lantoine - La F. M. chez ElIe, pág. 177.
24
- B. E. J'ones, ob. cit., páJt. 125.
25
- Idem, págs. 124-125.
26
- De acordo com A. Lantoine, ob. cito pág. 127, consta dos registos da Loja de
Edimburgo que, em data de 24 ae agosto do
1721,
O Dr. J. T. Desaguliers, mestre geral das Lojas da Ingla¬terra, foi admitido a
participar dos seus trabalhos.
27
- As origens do Escocismo, produto
genuinamente francês, ainda continuam nebulosas. Além de outras razões pode
ser acrescentada este falta. Sabendo-se que Anderson foi o compilador e Desagulliers o inspirador das Constituições
de 1723, regulamentando a Maçonaria Especulativa
inglesa, e que para isso conseguir viram-se obrigados a buscar numerosos
elementos na Maçonaria escocesa, os
adversários da Grande Loja de Londres,
políticos ou adeptos dos altos graus, baptizaram este tipo de Maçonaria, de Maçonaria escocesa, decantando-a como
superior à Maçonaria inglesa, que propugnava pela manutenção Exclusiva do
sistema de três graus da Maçonaria operária e consequentemente plebeus.
28
- D. Murray-Lyon, em sua Bistory of the Lodge 01 Edinburgh apresenta um
fac-simile da assinatura de Boswell, acompanhara de um símbolo; uma cruz dentro
de um círculo. o que revela a sua Qualidade de Rosacruz, pág. 55.
29 - The
Pocket Bistory of Freemasonry, pág. 55. 30 - Idem, págs. 174-175.
31
- Bernard E. Jones - ob. cito pág. 132.
32 - The
pocket Bistory, págs. ]75-176.
83 - Idem,
pág. 57.
NICOLA ASLAN
A MAÇONARIA OPERATIVA
Sem comentários:
Enviar um comentário