Ordem
dos Templários
Ordem
dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão
Pauperes
commilitones Christi Templique Salomonici
Criação:1118
Extinção:1312
Patrono:
São Bernardo de Claraval
Lema:Não
para nós Senhor, mas para glória do teu Nome
Vestimentas:Manto
branco com uma cruz vermelha
Mascote:Dois
cavaleiros cavalgando um único cavalo
Guerras/batalhas As Cruzadas, incluindo:
Cerco
de Ascalão (1153),
Batalha
de Montgisard (1177),
Batalha
de Hattin (1187),
Cerco
de Acre (1190-1191),
Batalha
de Arsuf (1191),
Cerco
de Acre (1291)
Efetivo:15
000 — 20 000 membros em seu ápice, 10% dos quais eram cavaleiros
Primeiro
Grão-Mestre:Hugo de Payens
Último
Grão-Mestre:Jacques de Molay
Quartel-general:Monte
do Templo, Jerusalém
A
Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (em latim:
"Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici"), conhecida
como Cavaleiros Templários, Ordem do Templo (em francês: Ordre du Temple ou
Templiers) ou simplesmente como Templários, foi uma ordem militar de Cavalaria.
A organização existiu por cerca de dois séculos na Idade Média (1118-1312),
fundada no rescaldo da Primeira Cruzada de 1096, com o propósito original de
proteger os cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua
conquista.
Os
seus membros fizeram voto de pobreza e castidade para se tornarem monges,
usavam mantos brancos com a característica cruz vermelha, e o seu símbolo
passou a ser um cavalo montado por dois cavaleiros. Em decorrência do local
onde originalmente se estabeleceram (o monte do Templo em Jerusalém, onde
existira o Templo de Salomão, e onde se ergue a actual Mesquita de Al-Aqsa) e
do voto de pobreza e da fé em Cristo denominaram-se "Pobres Cavaleiros de
Cristo e do Templo de Salomão".
O
sucesso dos Templários esteve vinculado ao das Cruzadas. Quando a Terra Santa
foi perdida, o apoio à ordem reduziu-se. Rumores acerca da cerimonia de
iniciação secreta dos Templários criaram desconfianças, e o rei Filipe IV de
França - também conhecido como Felipe, O Belo - profundamente endividado com a
ordem, começou a pressionar o papa Clemente V a tomar medidas contra eles. Em
1307, muitos dos membros da Ordem em França foram detidos e queimados publicamente.
Em 1312, o papa Clemente dissolveu a ordem. O súbito desaparecimento da maior
parte da infraestrutura europeia da ordem deu origem a especulações e lendas,
que mantêm o nome dos templários vivo até aos dias actuais.
Fundação
A
ordem foi fundada após a Primeira Cruzada, por Hugo de Payens, em 1118, com o
apoio de mais 8 cavaleiros, entre eles André de Montbard, tio de Bernardo de
Claraval, e do rei Balduíno II de Jerusalém, que os acolheu em seu palácio em
uma das esplanadas do Templo. Nasce assim os Pobres Cavaleiros de Cristo, que,
por se estabelecerem no monte do Templo de Salomão, vieram a ficar conhecidos
como Ordem do Templo, e por Templário quem dela participava. A finalidade da
Ordem era proteger os peregrinos que se dirigiam a Jerusalém, mais precisamente
o caminho de Jafa a Cesareia, vítimas de ladrões em todo o percurso e, já na
Terra Santa, dos ataques que os muçulmanos faziam aos reinos cristãos que as
Cruzadas haviam fundado no Oriente.
No
Outono de 1127, Hugo de Payens e mais 5 cavaleiros se dirigem à Roma visando
solicitar ao papa Honório II o reconhecimento oficial da Ordem. Nessa visita,
conseguem não só o reconhecimento oficial como o apoio e influência de Bernardo
de Claraval, no Concílio de Troyes em 13 de Janeiro de 1128. Através da bula
papal Omne datum optimum, emitida em
29 de Março de 1139 pelo papa Inocêncio II, a Ordem foi reconhecida
oficialmente pelo Papado e ganhou isenções e privilégios, dentre os quais o de
que seu líder teria o direito de se comunicar directamente com o papa e o
direito de construir seus próprios oratórios e serem enterrados neles.
A
primeira sede dos cavaleiros templários, a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, o
monte do Templo. Os cruzados chamaram-lhe de o Templo de Salomão, como ele foi
construído em cima das ruínas do templo original, e foi a partir desse local
que os cavaleiros tomaram seu nome de templários.
A
ordem tornou-se uma das favoritas da caridade em toda a cristandade, e cresceu
rapidamente tanto em membros quanto em poder; seus membros estavam entre as
mais qualificadas unidades de combate nas Cruzadas e os membros não-combatentes
da ordem geriam uma vasta infraestrutura económica, inovando em técnicas
financeiras que constituíam o embrião de um sistema bancário, e erguendo muitas
fortificações por toda a Europa e a Terra Santa.
Em
14 de Outubro de 1229, o papa Gregório IX emitiu a bula, Ipsa nos cogit pietas,
dirigida ao grão-mestre e aos cavaleiros da Ordem do Templo que os isenta de
pagar o dízimo para as despesas da Terra Santa, atendendo "à guerra
contínua que sustentavam contra os infiéis, arriscando a vida e a fazenda pela
fé e amor de Cristo".
Um
contemporâneo (Jacques de Vitry) descreve os templários como "leões de
guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges
piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com Seus
amigos".
Levando
uma forma de vida austera, os templários não tinham medo de morrer para
defender os cristãos que iam em peregrinação à Terra Santa. Como exército,
nunca foram muito numerosos: aproximadamente não passavam de 400 cavaleiros em
Jerusalém no auge da Ordem. Mesmo assim, foram conhecidos como o terror dos
muçulmanos.
Quando
presos, rechaçavam com desprezo a liberdade oferecida em troco da apostasia,
permanecendo fiéis à fé cristã.
A Regra
Templária
Um
cavaleiro templário é verdadeiramente um cavaleiro destemido e seguro de todos
os lados, para sua alma, é protegida pela armadura da fé, assim como seu corpo
está protegido pela armadura de aço. Ele é, portanto, duplamente armado e sem
ter a necessidade de medos de demónios e nem de homens.
A
regra dessa ordem religiosa de monges guerreiros (militar) foi escrita por São
Bernardo. A sua divisa foi extraída do livro dos Salmos: "Non nobis
Domine, non nobis, sed nomini tuo ad gloriam" (Slm. 115:1 - Vulgata
Latina) que significa "Não a nós, Senhor, não a nós, mas pela Glória de
teu nome" (tradução Almeida). A regra dividia-se em 72 capítulos
distribuídos em sete secções: I- A regra primitiva; II- Os estatutos
hierárquicos; III- Penitências; IV- Vida Monástica; V- Capítulos comuns; VI-
Maiores detalhes de penitências e VII- Recepção na Ordem.
A
regra era bem típica de uma sociedade feudal, entre algumas regras estavam que
a admissão de novos candidatos seria aprovada pelo bispo local, abster-se de
carne às quartas-feiras e algumas curiosas, como dois cavaleiros deveriam comer
do mesmo prato. Oficialmente, como consta na regra templária, o termo correcto
para designar o maior superior hierárquico era Mestre do Templo e não
grão-mestre, como lhe é referido nos dias actuais.
Para
ser admitido como cavaleiro, o postulante deveria ser cristão, conhecer a regra
templária (antes mesmo de ser admitido), jurar viver em castidade e pobreza e
ser obediente ao mestre do templo. A iniciação se dava com uma cerimónia
religiosa realizada por um dos padres da ordem.
Primeiras
batalhas
Os
Templários "estreiam" oficialmente em campo de batalha no ano de
1129, quando tiveram que intervir em um ataque ao Rei Balduíno II em sua ida a
Damasco. Em 1138, os Templários são derrotados pelos turcos na cidade de Tecoa,
onde nasceu o profeta bíblico Amós, em um infrutífera tentativa de tomá-la dos
turcos. Outra derrota se deu na fracassada tentativa de invasão à cidade de
Ascalão, no ano de 1153, quando 14 cavaleiros foram cercados e mortos pelos
turcos.
Em
1166, tropas do rei de Alepo, invadiram uma fortaleza templária na
Transjordânia. Em 1168, o rei Amalrico I de Jerusalém convocou um exército para
invadir o Egipto, contudo os Templários recusaram tal empreitada alegando que
não havia razões para que se procedesse a invasão.
Em
25 de Novembro de 1177, os Templários travam, contra o exército de Saladino, a
batalha de Montgisard (livremente abordada em diversas formas de arte, como nos
filmes Kingdom of Heaven e Arn; no livro The Leper King, Santo Sepulcro em
português, de Zofia Kossak). A partir de Montigisard, diversas batalhas ocorrem
ano após ano, como o ataque a uma caravana muçulmana em 1182, a batalha de
Tubaniya em 1183, a de Al Karak em 1184, até que aos 4 dias de Julho de 1187
ocorre a batalha de Hattin, na qual 30 mil cruzados enfrentam 60 mil muçulmanos
e perdem não só a batalha como também Jerusalém.
Três
décadas mais tarde, em 1219, aproveitando-se do enfraquecimento dos exércitos
de Saladino em vista do crescimento do exército Mongol, os cruzados conseguem
tomar Damieta, no Egipto. Contudo, a falta de união entre as três grandes
ordens dos cruzados (Templários, Hospitalários e Teutônicos) impossibilitou
alianças e as tropas se retiraram meses depois.
Crescimento da
ordem e a perda de sua missão
Com
o passar do tempo, a Ordem do Templo ficou riquíssima e muito poderosa:
receberam várias doações de terras na Europa. Entre algumas doações estão a
herança do rei Afonso I de Aragão que, por não possuir herdeiro do sexo
masculino, deixou todos seus bens às ordens de cavalaria (Templários,
Hospitalários e do Santo Sepulcro) e a floresta de Cera com o Castelo de Soure,
doados pela Rainha de Portugal, Teresa de Leão, com a condição de que expulsassem
os sarracenos do país.
Além
das doações de seculares à ordem, os Templários também recebiam constantes
benesses do Papado:
1139:
Bula Omne datum optimum: a Ordem é oficialmente reconhecida pela Igreja
Católica e lhe dá proteção;
1144:
Bula Milites templi: os cristãos são incentivados a doar bens à Ordem;[30]
1145:
Bula Milicia Dei: aumenta a autonomia da Ordem junto à Igreja;[30]
1198:
Bula Dilecti filli nostri: garantia à Ordem a fruição completa das doações que
recebiam.[31]
1212:
Bula Cum dilectis filiis: reafirma a bula Dilecti filli nostri.[31]
1229:
Bula Ipsa nos cogit pietas: isenta a Ordem do pagamento do dízimo da defesa da
Terra Santa.
Castelo
templário em Tomar
Mas
não só de doações vivia a Ordem, os templários usavam as propriedades que lhes
eram doadas para plantar trigo, cevada e criar animais. Assim a subsistência
dos cavaleiros se dava com a venda de trigo, cevada, lã de carneiro, carne de
bovinos e queijo feito com leite dos animais criados nas propriedades
templárias.
Também
começaram a ser admitidas na ordem, devido à necessidade de contingente,
pessoas que não atendiam aos critérios que eram levados em conta no início.
Logo, o fervor cristão, a vida austera e a vontade de defender os cristãos da
morte deixaram de ser as motivações principais dos cavaleiros templários. Nesse
diapasão, Bernardo de Claraval, em seu De laude novæ militiæ, divide a Ordem em
dois grupos: militia, que são os cavaleiros cristãos comprometidos com as
motivações iniciais da ordem, e malitia, pessoas que buscavam apenas
reconhecimento e status por pertencer à ordem.
A Ordem em Portugal
A
Ordem do Templo chegou ao Condado Portucalense ainda à época de Teresa de Leão,
condessa de Portugal, que lhe fez a doação da vila de Fonte Arcada, actual
concelho de Penafiel, anteriormente a 1126. Em 1127, a condessa fez-lhe a
doação do Castelo de Soure, na linha do rio Mondego, sob o compromisso de
colaborar na conquista de terras aos Muçulmanos. No reinado de Afonso I de
Portugal (1143-1185), a ordem recebeu a doação do Castelo de Longroiva (1145),
na linha do rio Côa. Pouco depois os cavaleiros da ordem apoiaram o soberano na
conquista de Santarém (1147) ficando sob responsabilidade da Ordem a defesa do
território entre o rio Mondego e o rio Tejo, a montante de Santarém. A partir
de 1160, a ordem estabeleceu a sua sede no país em Tomar. O processo de
extinção da ordem no país iniciou-se com a recepção da bula "Regnans in
coelis", datada de 12 de Agosto de 1308, através da qual o papa Clemente V
deu conhecimento aos monarcas cristãos do processo movido contra os seus
membros. Posteriormente, pela bula "Callidi serpentis vigil", datada
de Dezembro de 1310, o pontífice decretou a detenção dos mesmos. Dinis I de
Portugal (1279-1325), a partir de 1310 procurou evitar a transferência do
património da ordem no país para a Ordem de São João do Hospital, vindo a
obter, do Papa João XXII a bula "Ad ae exquibus", expedida em 15 de Março
de 1319, pela qual era aprovada a constituição da "Ordo Militiae Jesu
Christi" (Ordem da Milícia de Jesus Cristo), à qual foram atribuídos os
bens da extinta ordem no país. A nova ordem, após uma curta passagem por Castro
Marim, veio a sediar-se também em Tomar.
O Julgamento
dos Templários
Não
é de supor que a Ordem do Templo tenha surgido totalmente armada, como
Palas-Atena, da cabeça de Hugo de Payens, ou tenha sido o fruto de qualquer
inteligência humana individual. A função oficial dos templários, por eles
professada, tinha por certo surgido das Cruzadas; mas está claro que já existia
uma série de funções especiais que só esta Ordem poderia realizar. A interacção
entre a mais elevada espiritualidade cristã e a mais elevada espiritualidade
islâmica (sufismo) na Alta Idade Média exigia uma ordem soberana, acima de reis
e bispos, não sujeita à legislação comum ou mesmo a interditos e excomunhões, e
capaz, quando necessário, de se pôr de parte em relação a ambas as
civilizações, para agir como mediadora ou árbitro entre elas.
As
derrotas sofridas pela ordem reforçaram a ideia, nos altos escalões do clero,
de que os templários já não cumpriam sua missão de liberar e proteger os
caminhos para Jerusalém. A principal derrota aconteceu em 1291, quando os
muçulmanos conquistaram São João de Acre, a última cidade cristã na Terra Santa.
Antes de tal ocorrido, o rei Filipe IV de França havia solicitado sua entrada
na ordem, porém, não foi aceito por se recusar à abdicar de sua riquezas e
poderes, a partir desse momento começou sua perseguição à Ordem do Templo
acusando-os de heresia.
A
ordem de prisão foi redigida em 14 de Setembro de 1307 no dia da exaltação da
Santa Cruz, e no dia 13 de Outubro de 1307 (uma sexta-feira), todos os
cavaleiros que estavam em território francês são detidos.
Após
a tomada de Acre pelos muçulmanos em 1291, os Templários se estabeleceram no
Reino do Chipre, em 1306 depuseram o rei Henrique II e elegeram um cavaleiro
como novo monarca, Amalrico de Tiro. Contudo, Amalrico foi assassinado e, em
1310, Henrique II voltou ao poder e expulsou os templários de Chipre, queimando
o convento no qual os cavaleiros haviam se estabelecido.
Com
a expulsão de Chipre, a ordem de prisão emitida na Europa e a Terra Santa
tomada pelos muçulmanos, Tiago de Molay, em sua prisão, apresentara ao papa
Clemente V um novo plano de tomada da Terra Santa. Contudo, já estava decidido
que a função militar não tinha mais razão de ser e o pontífice tentava, sem
sucesso, convencer o rei Filipe, o Belo, a apenas remodelar a Ordem.
Entre
19 de Outubro e 24 de Novembro de 1307, 138 prisioneiros templários foram
interrogados em Paris. Em uma carta do papa Clemente V ao rei Filipe, datada de
27 de Outubro de 1307, deixa a entender os protestos do pontífice para com os
meios pelos quais os cavaleiros eram interrogados e as confissões lhe eram
arrancadas.
Em
22 de Novembro de 1307, pela bula Pastoralis præminentiæ o papa Clemente V
recomenda a prisão dos Templários em outros estados da Europa.
A
partir de 1310, a Igreja institui sua própria investigação sobre a Ordem, na
qual chegaram a depor 573 cavaleiros. Todos em defesa da Ordem e afirmando que
as confissões foram arrancadas no tribunal francês por meios de tortura. Em 16
de Outubro de 1311, o papa Clemente V abre o Concílio de Vienne afirmando que,
com base nos inquéritos eclesiásticos, bem como nos inquéritos civis, não havia
fato palpável de culpabilidade.
A
Ordem do Templo é extinta em 22 de Março de 1312, pela bula Vox clamantis. O
papa Clemente V, através bula Ad providam de 2 de Maio de 1312, transfere todos
os bens templários para os Hospitalários, excepto os de Portugal, de Castela,
de Aragão e de Maiorca, os quais ficariam na posse interina dos monarcas, até o
conselho decidir qual o seu destino.
No
adro da Igreja de Notre-Dame, em Paris, fora instalado um cadafalso, para no
dia 18 de Março de 1314 anunciar a sentença de prisão perpétua aos cavaleiros
Tiago de Molay, Hughes de Pairaud, Geoffroy de Charnay e Geoffroy de
Gonneville. Em meio ao anúncio da sentença, De Molay e Geoffroy de Charnay
levantaram-se bradando sua inocência e a de todos os Templários, que todos os
crimes e heresias a eles atribuídos foram inventados. No mesmo dia, armou-se
uma fogueira próxima ao jardim do palácio onde foram queimados Tiago de Molay e
Geoffroy de Charnay.
Da sentença do
papa Clemente V aos nossos dias
O
chamado "Pergaminho de Chinon" ao declarar que Clemente V pretendia
absolver a ordem das acusações de heresia, e que poderia ter dado eventualmente
a absolvição ao último grão-mestre, Jacques de Molay, e aos demais cavaleiros,
suscitou a reacção da monarquia francesa, de tal forma que obrigou o papa
Clemente V a uma discussão ambígua, sancionada em 1312, durante o Concílio de
Vienne, pela bula Vox in excelso, a qual declarava que o processo não havia
comprovado a acusação de heresia, contudo afirma que, pelo bem da Igreja, a
Ordem deveria ser suprimida ou remodelada.
Após
a descoberta nos arquivos do Vaticano, da ata de Chinon, assinada por quatro
cardeais, declarando a vontade de dar a inocência dos templários, sete séculos
após o processo, o mesmo foi recordado em uma cerimónia realizada no Vaticano,
a 25 de Outubro de 2007, na Sala Vecchia do Sínodo, na presença de monsenhor
Raffaele Farina, arquivista bibliotecário da Santa Igreja Romana, de monsenhor
Sergio Pagano, prefeito do Arquivo Secreto do Vaticano, de Marco Maiorino,
oficial do arquivo, de Franco Cardini, medievalista, de Valerio Manfred,
arqueólogo e escritor, e da escritora Barbara Frale, descobridora do pergaminho
e autora do livro "Os templários".
Os
cavaleiros templários, enquanto ordem simultaneamente militar e monástica, activa
e contemplativa, tinham como missão original levar a Terra Santa ao controle
cristão, mas, como aponta o historiador brasileiro das religiões Mateus Soares
de Azevedo durante os séculos XII e XIII os templários tiveram um importante
papel na criação de um clima de respeito pela erudição e espiritualidade da
cultura islâmica, tanto na Europa como na Terra Santa. Eles perceberam o
terreno comum que havia entre as camadas mais profundas das civilizações cristã
e muçulmana.
Lendas e
relíquias
A
destruição do arquivo central dos Templários (que estava na Ilha de Chipre) em
1571 pelos otomanos tornou-se o principal motivo da pequena quantidade de
informações disponíveis e da quantidade enorme de lendas e versões sobre sua
história.
Os
Templários tornaram-se, assim, associados a lendas sobre segredos e mistérios,
e mais rumores foram adicionados nos romances de ficção populares, como
Ivanhoe, Pêndulo de Foucault, e O Código Da Vinci, filmes modernos, tais como
"A Lenda do Tesouro Perdido" e Indiana Jones e a Última Cruzada, bem
como jogos de vídeo, como Broken Sword e Assassin's Creed.
Uma
das versões faz ligação entre os Templários e uma das mais influentes e famosas
sociedades secretas, a Maçonaria. Contudo a mesma é fundada apenas em 1717,
quatro séculos após o fim dos Templários, na Inglaterra.
Historiadores
acreditam na separação dos templários quando a perseguição na França foi
declarada. Um dos lugares prováveis para refúgio teria sido a Escócia, onde
apenas dois Templários haviam sido presos e ambos eram ingleses. Embora os
cavaleiros estivessem em território seguro, sempre havia o medo de serem
descobertos e considerados novamente como traidores. Por isso teriam se valido
de seus conhecimentos da arquitectura sagrada e assumiram um novo disfarce para
fazerem parte da maçonaria.
A
associação dos Templários a sociedades secretas ou práticas alquímicas ou de
bruxaria se deve à lenda de que eram quase uma ordem secreta, totalmente
hermética na qual ninguém de fora tinha acesso, quando, na verdade, eram o
oposto, abriam suas igrejas e oratórios aos moradores locais onde se estabeleciam
e acolhiam peregrinos em suas casas e conventos.
Muitas
das lendas dos templários estão relacionadas com a ocupação precoce pela ordem
do monte do Templo em Jerusalém e da especulação sobre as relíquias que os
templários podem ter encontrado lá, como o Santo Graal ou a Arca da Aliança. No
entanto, nos extensos documentos da inquisição dos templários nunca houve uma
única menção de qualquer coisa como uma relíquia do Graal, e muito menos a sua
posse, por parte dos templários. Na realidade, a maioria dos estudiosos
concorda que a história do Graal é apenas uma ficção que começou a circular na época
medieval.
O
tema das relíquias também surgiu durante a Inquisição dos templários, pois
documentos diversos dos julgamentos referem-se à adoração de um ídolo de algum
tipo, referido em alguns casos, um gato, uma cabeça barbada, ou, em alguns
casos, a Baphomet. Essa acusação de idolatria contra os templários também levou
à crença moderna por alguns de que os templários praticavam bruxaria. Contudo,
segundo historiadores, a cabeça barbada nada mais era quem um manto com o rosto
de Jesus Cristo.
Ao
líder templário, Tiago de Molay, é imputada a maldição da Sexta-Feira 13, que
ao ser queimado na fogueira teria amaldiçoado a data. Contudo, não há qualquer
documento ou registo de tal maldição, além do que, De Molay, e mais 3 líderes
templários, foram queimados no dia 18 de Março de 1314, e não dia 13. Tal
crença se origina com a morte de seus executores no mesmo ano da morte de Molay;
do papa Clemente V em 20 de Abril de 1314 e de Filipe IV de França em 29 de Novembro
Além
de possuir riquezas (ainda hoje procuradas) e uma enorme quantidade de terras
na Europa, a Ordem dos Templários possuía uma grande esquadra. Os cavaleiros,
além de temidos guerreiros em terra, eram também exímios navegadores e
utilizavam sua frota para deslocamentos e negócios com várias nações.
Devido
ao grande número de membros da ordem, apenas uma parte dos cavaleiros foram
aprisionados (a maioria franceses). Os cavaleiros de outras nacionalidades não
foram aprisionados e isso possibilitou-lhes refugiarem-se em outros países.
Segundo alguns historiadores, alguns cavaleiros foram para Escócia, Suíça,
Portugal e até mais distante, usando seus navios. Muitos deles mudaram seus
nomes e se instalaram em países diferentes, para evitar uma perseguição do rei
e da Igreja.
O
desaparecimento da esquadra é outro grande mistério. No dia seguinte ao
aprisionamento dos cavaleiros franceses, toda a esquadra zarpou durante a
noite, desaparecendo sem deixar registos. Por essa mesma data, o rei português
D. Dinis nomeava o primeiro almirante português de que há memória, apesar de
Portugal não ter armada; por outro lado, D. Dinis evitava entregar os bens dos
templários à Igreja e consegue criar uma nova Ordem de Cristo com base na Ordem
Templária, adoptando por símbolo uma adaptação da cruz orbicular templária,
levantando a dúvida de que planeava apoderar-se da armada templária para si.
Um
dado interessante relativo aos cavaleiros que teriam se dirigido para a Suíça,
é que antes desta época não há registos de existência do famoso sistema
bancário daquele país, até hoje utilizado e também discutido. Como é sabido, no
auge de sua formação, os cavaleiros da ordem desenvolveram um sistema de
empréstimos, linhas de crédito, depósitos de riquezas que na sua época já se
assemelhava bastante aos bancos de hoje. É possível que tenham sido os
cavaleiros que se refugiaram na Suíça que implantaram o sistema bancário no
lugar e que até hoje é a principal actividade do país.
(da Vikipédia)
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