Ordem
de Cluny
Fundação 910
Extinção 1790
Sede Cluny,
França
Filiação Igreja Católica
Fundadores:Guilherme
I da Aquitânia
Bento
de Aniane
Hugo
de Cluny
Odilo
de Cluny
Odo
de Cluny
A
Ordem de Cluny é uma ordem religiosa monástica católica que se originou dentro
da Ordem de São Bento, na cidade francesa de Cluny, no chamado movimento
monacal.
A
ordem nasce em um momento delicado do século X, onde a própria Igreja Católica
estava entregue ao materialismo, e chama novamente os homens à espiritualidade
por meio de uma reforma monástica baseada na Regra de São Bento com algumas
modificações de Bento de Aniane.
Em
duzentos anos (909 - 1109), Cluny teve apenas 6 abades, sendo 4 deles
canonizados: Odo, Odilo, Máiolo e Hugo de Cluny.
História
No
final do século IX e início do século X, a Europa se encontrava sob ataque de
todos lados; os hunos pelo norte, os muçulmanos pelo Mediterrâneo, os vikings a
noroeste e os magiares a leste. As ondas de invasões à Europa se seguiram desde
a queda do Império Romano e da morte de Carlos Magno.
Dentro
das Igreja Católica a situação era tão caótica quanto fora; atrito com a Igreja
Bizantina, influência da política italiana sobre o papado, influência de leigos
dentro da Igreja, bispos e outros membros do clero misturavam suas propriedades
com a da Igreja, padres casados ou vivendo em concubinato, além de simonia e
nicolaísmo.
Uma doação
para os beneditinos
Contudo,
por volta de Setembro de 910 o duque de Aquitânia, Guilherme o Piedoso, doou
terras para que nelas fosse estabelecido um mosteiro beneditino que não se
sujeitasse ao poder laico, mas tão-somente a Roma. O fundador escolheu um abade
nobre da região que administrava mosteiros reformados, Bernão, abade de Baume.
De
imediato o abade Bernão aplicou uma rigorosa observância à regra beneditina
buscando fazer do lugar um refúgio do caos que assombrava a Europa na época. Além
de Cluny, Bernão também tomava conta de outros mosteiros, cedidos por nobres
para que estes fossem regidos segundo as regras de Cluny. Com isso a Ordem
passou a não se limitar apenas à Abadia de Cluny, mas começou a se expandir por
mosteiros afora. Antes de morrer, em 927, Bernão nomeou Odo como seu sucessor e
renunciou a seus méritos como fundador de Cluny.
Reformas
cluníacas
Odo de Cluny.
Foi
sob a tutela de Odo que as reformas cluníacas extrapolaram a região da Borgonha
e ganharam não só a França como toda a Europa. Odo viajou por boa parte da
Europa visitando mosteiros e reformando-os. Ainda com Odo em seu comando, Cluny
foi consagrada, em 981, e recebeu do papa Gregório V a isenção libertas.
Após
sua morte, em 18 de Novembro de 942, Odo foi sucedido pelo beato Aymard,
contudo esse já estava com a saúde debilitada e quando ficou cego, passou o
cargo a Máiolo. Este deu continuidade às reformas iniciadas por Odo, além de
agregar diversos mosteiros a Cluny. Em 972, Máiolo foi sequestrado pelos
sarracenos e libertado mediante pagamento de resgate.
Após
Máiolo, Cluny foi governada por Odilo por um duradouro período de 55 anos. Com
Odilo o número de monges cluníacos aumentou. Com o aumento na quantidade de monges,
aumentou também o Abadia de Cluny.
Odilo
foi sucedido por Hugo de Sémur, este também teve um longêvo período à frente da
Ordem: 60 anos. Hugo é responsável pela construção, e 20 de Novembro de 1088,
da Igreja Cluny III que, segundo dados arqueológicos, foi uma das maiores
igrejas da Idade Média, superando até mesmo Roma. Tal templo continha 5 naves,
7 torres e teve seu altar-mor consagrado em 1095 pelo próprio papa Urbano II em
sua viagem à França.
Além
de Cluny III, foi com Hugo que as reformas cluníacas atingiram o seu ápice
chegando à Polónia, Hungria, Inglaterra e Itália. Afonso VI concedeu valorosas
esmolas à Ordem visando novas instalações cluniacenses na Espanha e em
Portugal.
Ao
morrer, em 1109, Hugo deixava a Ordem Cluniacense com 1084 casas, sendo 883
delas na França.
Críticas e o
fim de Cluny
Reconstituiçao de Cluny III
Com
o passar do tempo, o crescimento de Cluny, mais propriamente sua independência
e luxo, deixou de ser visto com bons olhos e não tardou o iniciar das críticas
sobre a Ordem. Um dos primeiros e mais famosos criticos de Cluny foi Bernardo
de Claraval, que respondendo a uma carta de um monge cluniacense, redigiu:
“Como é que eu poderia ouvir em silêncio a
tua queixa acerca de mim, pela qual se diz que nós, os mais miseráveis dos
homens, andrajosos e mal vestidos, das cavernas, como diz ele, julgamos o mundo
e, o que é mais intolerável ainda, criticamos também a tua gloriosíssima Ordem
e, sem vergonha, atacamos os santos que nela vivem tão louvavelmente e, da
sombra da nossa ignobilidade, insultamos esses luminares do mundo?
Por acaso é
possível que nós, não lobos vorazes sob pele de ovelhas, mas pulgas mordazes e
mesmo traças destruidoras, uma vez que não o ousamos fazer às claras,
destruamos, às ocultas, a vida dos bons e nem sequer lancemos o clamor da
invectiva mas o sussurro da detracção”
Com
o adentrar da Idade Média, as críticas sobre Cluny aumentaram e os próprios
bispos entendiam que já não precisavam mais dos monges, tanto que denunciavam as
apropriações que os cluniacenses realizavam. A independência de Cluny já não
era bem quista. Entre 1120 e 1125, o papa Calisto II abandonou Cluny à sua
própria sorte, tanto no que diz respeito às opiniões do clero quanto aos
ataques sarracenos.
O
golpe final só viria a ocorrer séculos mais tarde, em 1789, com a revolução
francesa. Um de seus principais alvos não foi outro, senão a já enfraquecida
Cluny. Todo o complexo foi destruído entre 1791 e 1812. Em 1793 todos os livros
da biblioteca foram queimados e, em 1798, o terreno onde estava abadia foi
vendido por 2.140.000 francos.
Durante
o século XX o prédio da Abadia de Cluny foi parcialmente reconstruído e, em
2007, foi consagrada como Patrimônio Europeu pela União Européia.
Em Portugal
Nada
se sabe da data de abertura do primeiro mosteiro em Portugal. A sua primeira
influência aparece no século XI, no mosteiro da Pendorada, e eram apoiados pelo
conde D. Henrique, sobrinho de S. Hugo, abade de Cluny. No século XI, S.
Geraldo de Braga, Maurício Burdino de Coimbra e Bernardo de Coimbra, encaram as
tendências separatistas portuguesas, defendendo as suas sés das pretensões de
Toledo e de Compostela, que se serviam da Ordem para obterem influência junto
da Santa Sé.
Em 910 surge em França (Borgonha) a Ordem de Cluny
com Guilherme, duque de Aquitânia. Este funda o mosteiro de Cluny I. Em 963-981
(Abade S. Bernou) funda nova abadia, a Cluny II que vai influenciar todas as
outras e revelar-se a mais importante. Em 1050 é fundada a Cluny III pelo Abade
Hugo de Semur.
O
século VIII vai alterar mentalidades, encabeçado pelo papa e por Carlos Magno
que engendra um sistema de inter-dependência em pirâmide, desde o simples
cidadão até ao papa (representante de Deus).
A
influência cluniacense manifestou-se na arte românica de muitas igrejas do
Norte, especialmente na Sé de Braga; nota-se na decoração, já que a humildade
das igrejas monásticas impedia a adopção de estruturas grandiosas. A influência
de Cluny acaba cedo devido à sua interpretação da Regra de S. Bento, por causa
da decadência da Casa-Mãe: Santa Justa e a sua história está semeada de
questões com a autoridade eclesiástica e por causa da cobrança dos dízimos que
se podem seguir através das visitas e capítulos gerais de Cluny. A história de
Cluny acaba, em Portugal, em 1515, com a redução de São Pedro de Rates a igreja
paroquial.
Com
o objectivo de purificar a Regra de S. Bento e como reacção aos exageros
(torres, altura dos oratórios, decorações excessivas, pinturas com motivos
profanos, zoomorfia, elementos pagãos), S. Bernardo entra para Cister em 1112
e, com outros doze seguidores, funda a Abadia do Claraval (nova casa-mãe) em
1115. (da Vikipédia)
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