O Espírito das
Leis
Do
Espírito das Leis (em francês: De l'esprit des lois), publicado em 1748, é o livro no qual Montesquieu
elabora conceitos sobre formas de governo e exercícios da autoridade política
que se tornaram pontos doutrinários básicos da ciência política. Suas teorias
exerceram profunda influência no pensamento político moderno. Elas inspiram a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, elaborada em 1789, durante a Revolução Francesa.
Do autor
Montesquieu é um dos
grandes filósofos do século XVIII. Pensador iluminista, deixou uma grande herança por meio de suas obras. "Para melhor compreensão, desta obra, é
preciso que se observe que o que denomino virtude na república é o amor à
pátria, isto é, o amor à igualdade. Não é, em absoluto, virtude moral, nem
virtude cristã, e sim virtude política; é a mola que faz mover o governo
republicano, assim como a honra é a mola que faz mover o governo a
monarquia"
Primeira parte
Livro Primeiro
Das leis em
geral
I:
Das leis quanto às suas relações para com os diversos seres
As
leis, no seu significado mais amplo, são as relações necessárias que derivam da
natureza das coisas; e, nesse sentido, todos os seres têm suas leis; a
divindade tem suas leis, o mundo material tem suas leis, o homem tem suas leis.
Livro Segundo
Das leis que
derivam directamente da natureza do governo
I:
Da natureza de três diferentes governos
Existem
três espécies de governo:
O
republicano;
O
monárquico;
O
despótico
II:
Do governo republicano e das leis
relativas à democracia
Quando,
em república, o povo, formando um só corpo, tem o poder soberano, isso vem a
ser uma democracia. Quando o poder soberano está nas mãos de uma parte do povo,
trata-se de uma aristocracia.
III:
Das leis relativas à natureza da
aristocracia
Na
aristocracia, o poder soberano acha-se nas mãos de um certo número de pessoas.
São elas que fazem as leis, e as fazem executar.
IV:
Das leis em sua relação com a natureza
do governo monárquico
Os
poderes intermediários, subordinados e dependentes, constituem a natureza do
governo monárquico, isto é, daquele em que um só governa baseado em leis
fundamentais.
V:
Das leis relativas à natureza do Estado
despótico
Resulta
da natureza do poder despótico que o único homem que o exerce o faça também
exercer por um só.
Livro Terceiro
Dos princípios
dos três governos
I:
Diferença entre a natureza do governo e
seu princípio
Depois
de Ter examinado quais são as leis relativas à natureza de cada governo, cumpre
saber quais são as que são relativas ao seu princípio.
Livro Quarto
De como as
leis da educação devem ser relativas aos princípios do governo
I.
Das leis da educação
As
leis da educação são as primeiras que recebemos. E, como elas nos preparam para
sermos cidadãos, cada família particular deve ser governada em conformidade com
o plano da grande família que compreende todas as demais.
Livro Quinto
De
como as leis que o legislador decreta devem ser relativas aos princípios do
governo
I:
Ideia deste livro
Acabamos
de verificar que as leis da educação devem ser relativas ao princípio de cada
governo, e também devem obedecer a esse princípio as que o legislador promulga
para toda a sociedade. Iremos examinar essa relação em cada governo, começando
pelo Estado republicano, que tem a virtude por princípio.
III:
Do que é o amor pela república, em uma
democracia
O
amor pela república, em uma democracia, consiste no próprio amor à democracia;
e o amor da democracia é o amor pela igualdade.
Livro Sexto
Consequências
dos princípios dos diversos governos em relação à simplicidade das leis civis e
criminais, a forma dos julgamentos e ao estabelecimento das penas.
I:
Da simplicidade das leis civis nos
diversos governos
O
governo monárquico não comporta leis tão simples quanto o despótico. São
necessários tribunais. Esses tribunais proferem decisões. Estas devem ser
conservadas, estudadas, para que hoje se julgue como ontem se julgou, e para
que a vida e a propriedade dos cidadãos conservem-se asseguradas como a própria
constituição do Estado.
Livro Sétimo
Consequência
dos diferentes princípios dos três governos em relação às leis sumptuárias, ao
luxo e à condição das mulheres
I:
Do luxo
O
luxo é sempre proporcional à desigualdade das fortunas. Se em um Estado, as
fortunas estiverem igualmente distribuídas, não existirá o luxo, pois este é
fundado sobre as comodidades que se usufruem pelo trabalho alheio.
XVII:
Da administração das mulheres
É
contra a razão e contra a natureza que as mulheres sejam dirigentes na casa,
tal como se estabeleceu entre os egípcios; no entanto, não o é que elas
governem um império
Livro Oitavo
Da
corrupção dos princípios nos três governos
I:
Ideia geral deste livro
A
corrupção de cada governo começa quase sempre pela corrupção dos princípios.
Segunda parte
Livro Nono
Das
leis em sua relação com a força defensiva
I:
De como as repúblicas mantêm a própria
segurança
Se
uma república for pequena, será destruída por uma força estrangeira; se for
grande, destruir-se-á ela própria por um vício interno.
Livro Décimo
Das
leis em sua relação com a força ofensiva
I:
Da força ofensiva
A
força ofensiva é regulada pelo direito das gentes, o qual é a lei política das
nações, consideradas quanto às relações que elas mantêm entre si.
Livro Décimo
Primeiro
Das
leis que formam a liberdade política quanto à sua relação com a constituição
I:
Ideia Geral
Estabeleço
distinções entre as leis que formam a liberdade política quanto à sua relação
com a constituição, e aquelas que a formam em relação ao cidadão.
Livro Décimo
Segundo
Das
leis que formam a liberdade política na sua relação com o cidadão
I:
Ideia deste livro
Não
basta haver tratado da liberdade política em sua relação com a constituição;
cumpre apresentá-la sob o ponto de vista da relação que ela mantém com o
cidadão.
II:
Da liberdade do cidadão
A
liberdade filosófica consiste no exercício da própria vontade ou, pelo menos (se
aludirmos a todos os sistemas), na opinião que se tem do exercício da vontade.
A liberdade política consiste na segurança, ou pelo menos na opinião que cada
um tem de sua segurança.
Livro Décimo
Terceiro
Das
relações que a arrecadação dos tributos e a soma das rendas têm com a liberdade
I:
Das rendas do Estado
As
rendas do Estado são uma porção que cada cidadão dá de seu bem para fazer jus à
segurança da outra porção, ou para que dela possa desfrutar agradavelmente.
Terceira parte
Livro Décimo
Quarto
Das
leis quanto à sua relação com a natureza do clima
I:
Ideia Geral
Se
é verdade que o carácter do espírito e as paixões são extremamente diversos nos
diferentes climas, as leis devem ser relativas à diferença dessas paixões e à
diferença desses caracteres.
Livro Décimo
Quinto
De
como as leis da escravidão civil relacionam-se à natureza do clima
I:
Da escravidão civil
A
escravidão propriamente dita é o estabelecimento de um direito que torna um
homem de tal forma dependente de um outro, que este se torna o senhor absoluto
de sua vida e de seus bens. A escravidão não é boa por sua natureza; não é útil
nem ao senhor nem ao escravo.
Livro Décimo
Sexto
De
como as leis da escravidão doméstica se relacionam à natureza do clima
I:
Da servidão doméstica
Os
escravos são estabelecidos mais para a família do que na família. Distinguirei,
portanto, sua servidão daquela em que se encontram as mulheres de alguns
países, à qual denominarei, mais propriamente, de servidão doméstica.
Livro Décimo
Sétimo
De
que modo a servidão política se relaciona com a natureza do clima
I:
Da servidão política
A
servidão política não depende menos da natureza do clima do que da civil e da
doméstica, como iremos demonstrar.
Livro
Décimo-Oitavo
Das
leis quanto às suas relações com a natureza do solo
I:
De que maneira a natureza do solo influi
sobre as leis
A
fertilidade das terras de um país estabelece naturalmente dependência. Os
camponeses, que constituem a maior parte do povo, não são muito ciosos da
própria liberdade: estão sempre muito ocupados e preocupados com os seus
afazeres particulares.
Livro Décimo-Nono
Das
leis quanto às suas relações com os princípios que formam o espírito geral, os
costumes e as maneiras de um povo
I:
Do assunto deste livro
Esta
matéria é muito extensa. Nessa infinidade de ideias que se apresentam a meu
espírito, mostrar-me-ei mais atento à ordem das coisas do que às próprias
coisas. É preciso que eu afaste à direita e à esquerda, que pesquise e consiga
esclarecer-me.
Quarta parte
Livro Vigésimo
Das
leis em sua relação com o comércio, considerado em sua natureza e em suas
distinções
Invocação às
musas
Virgens
do Monte Piério, ouvis o nome que vos dou? Inspirai-me. Percorro um longo
caminho; encontro-me acabrunhado por tristeza e tédio. Dai ao meu espírito esse
encanto e essa doçura que eu outrora sentia e que fogem de mim. Vós nunca sois
tão divinas como quando, pelo prazer, conduzis à sabedoria e à verdade.
Livro Vigésimo
Primeiro
Das
leis no que concerne às suas relações com o comércio, relativamente às
modificações pelas quais este passou.
I:
Algumas considerações gerais
A
despeito estar o comércio sujeito a grandes modificações, pode ocorrer que
certas causas físicas, a qualidade do terreno ou do clima, determinem para
sempre a sua natureza.
Livro Vigésimo
Segundo
Das
leis em sua relação com o uso da moeda
I:
Razão do uso da moeda
Os
povos que têm poucas mercadorias para o comércio, como os selvagens, e os povos
civilizados que as possuem somente de duas ou três espécies, negociam por
troca. Dessa forma, as caravanas de mouros que vão a Tombuctu, no coração da
África, trocam sal por ouro e não precisam de moeda.
*
Livro Vigésimo Terceiro Das leis
quanto à sua relação com o número de habitantes
I:
Dos homens e dos animais em relação à
multiplicação de sua espécie
Quinta parte
Livro Vigésimo
Quarto
Das
leis na sua relação com a religião estabelecida em cada país, considerada em
suas práticas e em si mesma.
I:
Das religiões em geral
Assim
como se podem julgar entre as trevas aquelas que são as menos espessas, e entre
os abismos aqueles que são os menos profundos, assim também se podem procurar
entre as religiões falsas as que são mais conformes ao bem da sociedade: as
que, embora não tenham como resultado conduzir os homens para as felicidades da
outra vida, possam contribuir mais para a sua felicidade nesta.
Sexta parte
Livro Vigésimo
Sétimo
Das
origens e das transformações das leis dos romanos sobre as sucessões
Capítulo único
Esta
matéria prende-se a estabelecimentos de uma antiguidade muito remota; e, para
penetrá-la a fundo, seja-me permitido procurar nas primeiras leis dos romanos o
que eu não sei se foi visto até hoje. É sabido que Rômulo repartiu as terras de
seu pequeno Estado entre seus cidadãos; parece-me que é daí que derivam as leis
de Roma sobre as sucessões.
(da Vikipédia
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