Grande
Loja Unida da Inglaterra
Irmão Hercule Spoladore
Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”
Uma vez fundada a Grande Loja de
Londres em 24 de Junho de 1717, como já se sabe da história da Ordem, que
ocorreu na Cervejaria do Ganso e da Grelha (The Goose and Gridiron), onde se
reuniram, além de uma Loja com o mesmo nome, mais três, a saber: A Coroa (The
Crown); A Macieira (The Apple); O Copázio (copo grande, copaço); e As Uvas (The
Rummer and Grappes)
Elegeram como primeiro Grão-Mestre, o
Irmão Sir. Antony Sayer. As três
primeiras Lojas foram constituídas de Maçons operativos e a quarta, a do
Copázio e das Uvas, foi constituída por homens eminentes, nobres e, entre eles,
o Reverendo James Anderson, que escreveria, em 1723, o famoso Livro das
Constituições (Livre des Constituitones), mais conhecido como Constituições de Anderson.
Era, nessa época, uma Maçonaria de
apenas dois Graus. Não havia o Grau de Mestre, havia o cargo de Mestre da Loja.
O Grau de Mestre foi introduzido na
Maçonaria em 1725 e definitivamente incorporado em 1738. Em 11 de Maio de
1725 teriam sido elevados ao Grau de Mestre os dois primeiros Maçons, na
história da Ordem: Papillon Bul e
Charles Cotton. Interessante que, os
primeiros Grão-Mestres da Maçonaria no mundo eram Companheiros e não
Mestres.
Entretanto, apesar desta iniciativa
da Maçonaria Inglesa, fundando a que seria a primeira potência maçónica, a Grande Loja de Londres, a sua
influência na Inglaterra, durante muito tempo, foi relativa, pois uma grande
parte das Lojas inglesas, em respeito aos antigos costumes, onde os “Maçons livres em Lojas livres”
predominavam, não queriam saber de novidades, principalmente, em função do já
conhecido conservadorismo inglês. O principal foco de resistência foi a velha Loja do condado de York.
Os Maçons de muitas Lojas teimavam
em não seguir não só a uma organização obediencial, bem como eram refractários
às inúmeras alterações que foram introduzidas, sendo por esta razão chamados de Antigos e, evidentemente, os Maçons da Grande Loja de Londres eram
chamados de Modernos.
Em
1725, na cidade de York, foi fundada a Grande Loja, se autoproclamando Grande
Loja da Inglaterra. Cessou suas atividades mais ou menos em 1740.
Em 1751 foi fundada uma Grande Loja dos Antigos, formada de Maçons
irlandeses que haviam sido impedidos de pertencer às Lojas inglesas. O Maçom que mais se bateu contra os
Modernos foi o irlandês Lawrence Dermott, publicando, em 1756, as Constituições da Grande Loja dos Antigos,
sob o título Ahiman Rezzon (Ahim,
quer dizer Irmãos; manah, escolher e ratzon, lei) Ele afirmava que os Antigos deveriam ser chamados de Maçons de York,
porque a primeira Grande Loja da Inglaterra havia sido reunida em York, em 926,
pelo príncipe Edwin. Entretanto, sabemos que isso se trata de uma lenda e
não da realidade maçónica inglesa dos séculos XVII e início do XVIII.
Somente em 1761, foi reativada a Grande Loja de York, ligada à cidade
do mesmo nome, com a seguinte sigla: Grande Loja de toda a Inglaterra (The
Grand Lodge off all England). Os Maçons desta Grande Loja criticavam a Grande
Loja de Londres por ter esta realizadas muitas alterações, a saber: mudaram as
formas de reconhecimento nos Graus na Maçonaria; retiraram as orações dos
procedimentos; descristianizaram o Ritual; omitiram os Dias Santos; mudaram a
forma de preparação do candidato; enxugaram o Ritual, deixando de dar as
instruções como até então eram ministradas; cortaram a leitura dos Antigos
Deveres nas Iniciações; retiraram a Espada durante as Iniciações; mudaram o
antigo método de arrumar a Loja; e, também, alterações e mudança na função dos
Diáconos; colocaram o Altar dos Juramentos no centro da Loja; alem de outras
alterações.
Uma outra Grande Loja, a quarta, apareceu na Inglaterra, em 1777, por
ocasião da cisão havida na Loja “Antiquity”, quando parte da Loja
acompanhou o grande Maçom Willian Preston, separando-se da Grande Loja de
Londres, porém, voltando daí há onze anos, em 1788, à Potência de origem. Willian Preston, grande palestrante e
compilador dos então catecismos maçónicos. Ele teria sido o primeiro Maçom a
dar o significado simbólico às ferramentas de trabalho dos operários da
construção.
De facto, a Grande Loja de Londres
imprimiu um tipo de catecismo (não se chamava Ritual naquela época), introduzindo
uns procedimentos e retirando outros, mais no sentido de actualização e
renovação. Criaram um Ritual muito parecido com o actual Rito de York
Americano.
Quanto aos Maçons do condado de York e
aos outros que se opunham às modificações implantadas pela Grande Loja de
Londres praticavam um Ritual parecido ao que Samuel Prichard, de maneira
perjura, publicou num jornal de Londres, em 10 de Janeiro de 1730, de dois
Graus. Eram conservadores e não admitiam modificações em hipótese alguma.
Entretanto, a Maçonaria Inglesa chegou
à conclusão que tanta divergência não levaria a Ordem a lugar algum; já, em
1794, os dois Grão-Mestres rivais solicitaram ao Duque de Kent que
intermediasse um acordo entre as duas Potências, no sentido de uma unificação. Em
1809, a Grande Loja de Londres constituiu uma Loja de Promulgação ou
Reconciliação, com a finalidade de estudar a fundo o problema. Esta Loja chegou
à conclusão, após estudos, que se poderia atender a todos os interessados,
principalmente no tocante ao Ritual, isto é cederiam em favor dos Antigos, em
parte, suas maiores reivindicações.
Em
1813, por coincidência, dois nobres, irmãos de sangue eram os Grão-Mestres das
duas Potências adversárias, o Duque de Sussex, da Grande Loja de Londres e o
Duque de Kent, Grão-Mestre da Grande Loja
de toda a Inglaterra. Assim, em 27 de Novembro daquele ano, foi assinado um tratado com 31 artigos,
sacramentando a união de ambas as Obediências. Não foi lavrada ata, para se
salvaguardar o segredo maçónico, e o Duque de Kent propôs que seu irmão o Duque
de Sussex fosse o primeiro Grão-Mestre da nova Potência, que passou a se chamar
Grande Loja Unida da Inglaterra,
nome este que permanece até a presente data. A partir daí, a Maçonaria Inglesa
entrou numa fase de paz e tranquilidade. Acresça-se que, apesar de terem
chegado a um acordo, acabou prevalecendo em quase 80% das práticas adoptadas
pelos Antigos. Há na Inglaterra uma certa tolerância, pois existem algumas
pequenas diferenças nas práticas ritualistas perfeitamente aceites, sem que
isto venha a ser enxertos, invenções ou adendos, consistindo apenas em
tradições, sem constituir problemas entre os Maçons ingleses, cuja mentalidade
é bastante diferente da nossa, já que temos uma capacidade de inventar muito
grande.
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