sábado, 31 de março de 2018

Cartas Filosóficas




Cartas Filosóficas
Lettres philosophiques ou Lettres anglaises no original, Cartas Inglesas ou Cartas Filosóficas em português é uma colecção de ensaios escritos por Voltaire baseado em suas experiências vividos na Inglaterra entre 1722 e 1734. Os ensaios foram publicados tanto na França e na Inglaterra em 1734.

Em alguns aspectos, o livro pode ser comparado com Da democracia na América por Alexis de Tocqueville, na maneira de uma explicação lisonjeira da nação do ponto de vista de um estrangeiro, através das observações de Voltaire acerca dos aspectos culturais da nação inglesa, a sociedade e o governo são vistos de modo afável em comparação com o equivalente francês.

Sumário
As Cartas Inglesas consiste-se em vinte e quatro cartas:
Carta I: Sobre os Quaker
Carta II: Sobre os Quaker
Carta III: Sobre os Quaker
Carta IV: Sobre os Quaker
Carta V: Sobre a igreja da Inglaterra
Carta VI: Sobre os Presbiterianos
Carta VII: Sobre o Socianismo, ou Arianos, ou Anti-trinitários
Carta VIII: Sobre o Parlamento
Carta IX: Sobre o Governo
Carta X: Sobre o Comércio
Carta XI: Sobre a Inoculação da Vacina
Carta XII: Sobre Lord Bacon
Carta XIII: Sobre Sr. Locke
Carta XIV: Sobre Descartes e Sir Isaac Newton
Carta XV: Sobre a Atração
Carta XVI: Sobre a Óptica de Sir Isaac Newton
Carta XVII: Sobre os Infinitos na Geometria, e a Cronologia de Sir Isaac Newton
Carta XVIII: Sobre a Tragédia
Carta XIX: Sobre a Comédia
Carta XX: Como a Nobreza Cultivou as Belas Letras
Carta XXI: Sobre o Conde de Rochester e o Sr. Waller
Carta XXII: Sobre o Sr. Pope e alguns outros famosos poetas
Carta XXIII: Sobre a Consideração que se Deveria ter para com um Homem de Letras.
Carta XXIV: Sobre a Academia Real Inglesa e outras Academias.

Religião
A primeira abordagem de Voltaire sobre a religião se da nas cartas 1-7. Ele especificamente fala sobre os Quaker (1-4), Anglicanos (5), Presbiterianos (6), e o Socianismo (7).

Nas cartas 1-4, Voltarei descreve os Quaker, seus costumes, suas crenças, e suas histórias. Apreciando a sua simplicidade em relação aos rituais. Em particular, ele elogia a ausência do baptismo ("Nós não somos da opinião de que o borrifamento de água na cabeça das crianças fazem dela um cristão"), e a falta de comunhão ("'Como! sem comunhão?' disse eu. 'Apenas aquela espiritualidade, respondeu ele, 'dos corações'"), e a falta de padres ("'Vocês então, não tem padres? disse eu a eles. 'Ah, não, não, meu amigo,' responde o Quaker, 'para nossa grande felicidade'"), apesar de ainda manifestar preocupação quanto a natureza manipuladora das religiões organizadas.

A carta 5 é endereçada à religião Anglicana, a qual Voltaire compara favoravelmente com o Catolicismo ("No que diz respeito a moral do clero inglês, eles são mais regulares do que daqueles da França"), mas ele critica a forma de como se mantiveram fiéis, aos rituais católicos, em particular ("O clero inglês retiveram um grande numero de cerimonias romanas, e especialmente a maneira como recebem, de maneira inescrupolosa o dízimo. Eles também tem um ambição piedosa em relação a superioridade).

Na carta 6, Voltaire ataca os Presbiterianos, a qual lhes vê como intolerantes ("O Presbiteriano é seriamente afitado, através de um olhar azedo, veste um grande chapéu de abas largas e uma longa capa sobre um casaco muito curto, prega através de murmúrios e sons nasais, e dão o nome de prostituta da Babilônia a todas as igrejas as quais os ministros são tão afortunados que podem apreciar uma receita anual de cinco ou seis mil libras, e onde as pessoas são fracas o suficiente para sofrer disso, e dar-lhes o titulo de meu senhor, sua senhoria, ou sua eminência") além de serem excessivamente rigorosos ("Nem operas, jogos, ou concertos são permitidos em Londres aos domingos, e até mesmo cartas são expressamente proibidas, de maneira que ninguém a não ser pessoas de qualidade, e aqueles a qual chamamos de gentis, jogam nesse dia; o resto da nação vai ou à igreja, ou à taverna, ou ver as suas amantes").

Por fim, na carta 7, ele fala sobre os "Socinianos", a qual o sistema de crença é de alguma maneira relatado com a própria visão deísta de Voltaire. Voltaire argumenta que, embora esta seita inclua em sua época os mais importantes tipos de pensadores (incluindo Newton e Locke), isto não é suficiente para persuadir o senso comum de que seja lógico. De acordo com Voltaire, os homens preferem seguir os ensinamentos de "autores miseráveis" tais como Martinho Lutero, João Calvino, ou Ulrico Zuínglio.

Política
Nas cartas 8 e 9, Voltaire discursa sobre o sistema politico inglês.

A carta 8 fala sobre o parlamento britânico, a qual ele compara simultaneamente com Roma e a França. Nos termos de Roma, Voltaire critica o fato da Grã-Bretanha ter entrado na Guerra dos Trinta Anos (enquanto que Roma não), apesar dele elogiar o fato da Grã-Bretanha ter servido a liberdade em vez da tirania (como fez Roma). Nos termos da França, Voltaire responde a critica francesa no que concerne ao regicídio de Carlos I, destacando o processo judicial britânico em oposição aos assassinatos de Henrique VII, Sacro Império Romano-Germânico ou Henrique III da França, ou os múltiplos atentados contra a vida de Henrique IV da França.

Na carta 9, Voltaire faz um breve relato da história da Carta Magna, que fala sobre a igualdade da distribuição da justiça, e a cobrança de impostos.

Comércio
Na carta 10, Voltaire elogia o sistema de comércio da Inglaterra, seus benefícios, e o que ela trouxe para a nação Inglesa desde 1707. Segundo Voltaire, o comércio contribuiu grandemente para a liberdade do povo Inglês, e esta liberdade em troca contribuiu para a expansão do comércio. Foi o seu comércio também que conferiu a Inglaterra um enorme poder militar e comercial marítimo. Além disso, Voltaire aproveita a oportunidade para satirizar os nobres alemães e franceses que ignoram esse tipo de empresa. Para Voltaire, os nobres são menos importantes que o empresário que "contribui para a felicidade do mundo."

Ciência
Na Carta 11, Voltaire argumenta em favor da prática Inglesa da inoculação da vacina, que foi fortemente rechaçada e condenada pela Europa continental. Esta carta é provavelmente uma resposta a um surto epidémico de varíola que ocorreu em 1723 em Paris, a qual matou 20.000 pessoas.

Filosofia
Na carta 12 relata sobre Francis Bacon, autor de Novum Organum e pai da filosofia experimental.

Na carta 13 relata sobre John Locke e suas teorias acerca da imortalidade da alma.

Na carta 14 compara o filósofo Britânico Isaac Newton com o filósofo francês René Descartes. Após a sua morte em 1727, Newton foi comparado com Descartes em um elogio realizado pelo filósofo francês Fontenelle. Enquanto os britânicos não apreciam esta comparação, Voltaire afirma que Descartes, também, foi um grande filósofo e matemático.

Na carta 15 centra-se na obra de Newton como as leis da atração. A Carta 16 fala sobre o trabalho de Newton com a óptica. A Carta 17 discute o trabalho de Newton com a geometria e as suas teorias sobre o fim do mundo.

Literatura
Na carta 18, Voltaire diz sobre a tragédia Inglesa, especificamente as de William Shakespeare. Voltaire apresenta ao seu leitor o famoso solilóquio de Hamlet, juntamente com uma tradução para o francês dos versos ritimados. Ele também cita uma passagem de John Dryden e nos dá uma tradução.

Na carta 19, Voltaire relata a comédia Inglesa, citando William Wycherley, John Vanbrugh e William Congreve.

Na carta 20 a um relato breve das belles lettress da nobreza, incluindo Conde de Rochester e Edmund Waller.

A carta 21 se refere ao poeta Jonathan Swift e Alexander Pope.

Na carta 23, Voltaire argumenta que os britânicos honram os seus homens de letras muito melhor do que o franceses em termos de dinheiro e de veneração

Na última carta, carta 24, se discute a Academia Real Inglesa, a qual ele compara com a Academia Francesa.

Carta XXV
Pascal
Na carta 25, que não foi incluída na primeira edição de vinte-quatro cartas, Voltaire critica certas ideias de Blaise Pascal tirando citação de seus Pensamentos e dando-lhe a sua própria opinião da matéria. A mais importante diferença entre estes dois filósofos se coloca em seus conceitos de homem. Pascal insiste no aspecto miserável do homem que deve preencher o vazio de sua existência com diversão e vaidades, enquanto Voltaire aceita o optimismo dos iluministas e sua visão de mundo.

(da vikipédia)

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