Quem foi esse
“antiquário” chamado Elias Ashmole?
TRADUÇÃO JOSÉ FILARDO
Por Guy Chassagnard
Em
sua condição era antiquário, astrólogo, alquimista e até mesmo médico, Elias
Ashmole é muitas vezes considerado como tendo sido o primeiro maçom aceito conhecido; aceito porque tendo sido iniciado
mesmo não sendo, por ofício, um construtor. Puro engano. O que não impede, de
modo algum, de continuar a ser um caso interessante para o maçom de hoje.
Elias
Ashmole poderia ter sido apenas um seleiro como seu pai ou um negociante de
tecidos como seu avô materno. Elias
Ashmole podia ser apenas um advogado, como ele foi por alguns anos em
Londres. Elias Ashmole poderia ter sido apenas um cobrador de impostos em
Oxford, ou um oficial da artilharia de Sua Magestade Carlos I, antes de sua decapitação em 1649. Elias Ashmole teria
sido apenas um astrólogo, um alquimista, um escritor, um antiquário ávido por
diferentes colecções.
Finalmente,
Elias Ashmole poderia ter sido apenas um dos primeiros membros da Royal Society of London (1661). Porque
ele foi tudo isso, e muito mais, durante sua curta vida, começada em Staffordshire
em 1617 e terminada em 1692, em
Londres.
Mas,
Elias Ashmole continua a ser para nós, acima de tudo, um maçom livre e aceito
que um dia do ano 1646, escrevia da seguinte maneira em seu diário:
•
16 de outubro de 4:30 da tarde – Fui feito Franco Maçom [Free Mason] em
Warrington, Lancashire, com o coronel
Henry Mainwaring de Karnicham em Cheshire.
Os
nomes daqueles que se encontravam, então, na Loja [eram]: Sr Rich[ard]. Penket, Vigilante; Sr. James Collier, Sr. Rich [ard]
Sankey, Henry Littler, John Ellam, Rich. Ellam e Hugh Brewer.
Trinta
e cinco anos mais tarde, Elias Ashmole ainda escreveria sem mais comentários:
•
10 de março às 5:00 da tarde. Recebi uma intimação para apresentar-me a uma
loja, a ser realizada no dia seguinte no Freemasons’ Hall, em Londres.
•
11 [de março] – Assim, fui até lá ao meio-dia e foram admitidos na
Fraternidade de Maçons Livres: Sir
William Wilson, Cavaleiro, Capitão Rich[ard] Borthwick, Sr. Will [iam] Woodman,
Sr. Wil [Liam] Grey, Sr. Samuel Taylor & Sr William Wise. etc.
Eu
era o decano dos Companheiros presentes (tendo sido admitido 35 anos antes).
Estavam presentes, além de mim, os Companheiros listados abaixo:
Sr.
Tho [mas] Wise, Mestre da Companhia dos Maçons, este ano, o Sr. Thomas
Shorthose, o Sr. Thomas Shadbolt, X. Waindsford, esq., Sr. Rich[ard] Young, Sr.
John Shorthose, Sr. William Hamon, Sr. John Thompson, & Sr, Will [am]
Stanton. Fomos todos para o jantar na Taverna
Half Moon em Cheapside, reunidos em um banquete solene oferecido pelos novoS
maçons aceitos.
Nós
não saberemos mais sobre as actividades Maçónicas de Elias Ashmole. Ele
participou de outras sessões de Loja? Presumivelmente, mas seu diário é omisso
nesse ponto.
Robert
Freke Gould, que estudou minuciosamente a vida de Elias Ashmole – para ele um “zeloso Rosacruz” – afirmou em um de
seus livros que ele não tinha sido o primeiro maçom aceito na Inglaterra, e as
lojas de Warrington e de Londres, a que ele fez menção eram, obviamente, lojas
especulativas.
Em
nível secular, a vida de Elias Ashmole foi mais rica em eventos. Casou-se três
vezes, incluindo duas mulheres muito mais velhas do que ele, sem nunca ter
filhos. Veio a ser favorecido por Charles I e Charles II, filho do anterior,
para ser colector de impostos ou auditor fiscal, secretário e Escrivão de
tribunal do Suriname, arauto de Windsor, enfim arauto de Armas da Jarreteira.
Conheceu a fama e a fortuna graças às suas pesquisas heráldicas e a publicação
de sua obra magistral: A instituição, as leis e cerimonias da Nobilíssima Ordem
da Jarreteira (1672); suas outras obras sobre alquimia e sobre as regras de
saúde e remédios terapêuticos.
Alguns
anos antes de sua morte, Elias Ashmole decidiu transferir suas colecções de
antiguidades e livros para a Universidade de Oxford, que fez o Museu Ashmolean,
o primeiro museu público da Europa.
A
ironia da vida e da morte do nosso maçom aceito: sua viúva casou-se novamente
com um … pedreiro.
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