sábado, 31 de março de 2018

Elias Ashmole



Quem foi esse “antiquário” chamado Elias Ashmole?
TRADUÇÃO JOSÉ FILARDO

Por Guy Chassagnard

Em sua condição era antiquário, astrólogo, alquimista e até mesmo médico, Elias Ashmole é muitas vezes considerado como tendo sido o primeiro maçom aceito conhecido; aceito porque tendo sido iniciado mesmo não sendo, por ofício, um construtor. Puro engano. O que não impede, de modo algum, de continuar a ser um caso interessante para o maçom de hoje.

Elias Ashmole poderia ter sido apenas um seleiro como seu pai ou um negociante de tecidos como seu avô materno. Elias Ashmole podia ser apenas um advogado, como ele foi por alguns anos em Londres. Elias Ashmole poderia ter sido apenas um cobrador de impostos em Oxford, ou um oficial da artilharia de Sua Magestade Carlos I, antes de sua decapitação em 1649. Elias Ashmole teria sido apenas um astrólogo, um alquimista, um escritor, um antiquário ávido por diferentes colecções.

Finalmente, Elias Ashmole poderia ter sido apenas um dos primeiros membros da Royal Society of London (1661). Porque ele foi tudo isso, e muito mais, durante sua curta vida, começada em Staffordshire em 1617 e terminada em 1692, em Londres.

Mas, Elias Ashmole continua a ser para nós, acima de tudo, um maçom livre e aceito que um dia do ano 1646, escrevia da seguinte maneira em seu diário:
• 16 de outubro de 4:30 da tarde – Fui feito Franco Maçom [Free Mason] em Warrington, Lancashire, com o coronel Henry Mainwaring de Karnicham em Cheshire.

Os nomes daqueles que se encontravam, então, na Loja [eram]: Sr Rich[ard]. Penket, Vigilante; Sr. James Collier, Sr. Rich [ard] Sankey, Henry Littler, John Ellam, Rich. Ellam e Hugh Brewer.

Trinta e cinco anos mais tarde, Elias Ashmole ainda escreveria sem mais comentários:

• 10 de março às 5:00 da tarde. Recebi uma intimação para apresentar-me a uma loja, a ser realizada no dia seguinte no Freemasons’ Hall, em Londres.

• 11 [de março] – Assim, fui até lá ao meio-dia e foram admitidos na Fraternidade  de Maçons Livres: Sir William Wilson, Cavaleiro, Capitão Rich[ard] Borthwick, Sr. Will [iam] Woodman, Sr. Wil [Liam] Grey, Sr. Samuel Taylor & Sr William Wise. etc.

Eu era o decano dos Companheiros presentes (tendo sido admitido 35 anos antes). Estavam presentes, além de mim, os Companheiros listados abaixo:

Sr. Tho [mas] Wise, Mestre da Companhia dos Maçons, este ano, o Sr. Thomas Shorthose, o Sr. Thomas Shadbolt, X. Waindsford, esq., Sr. Rich[ard] Young, Sr. John Shorthose, Sr. William Hamon, Sr. John Thompson, & Sr, Will [am] Stanton. Fomos todos para o jantar na Taverna Half Moon em Cheapside, reunidos em um banquete solene oferecido pelos novoS maçons aceitos.

Nós não saberemos mais sobre as actividades Maçónicas de Elias Ashmole. Ele participou de outras sessões de Loja? Presumivelmente, mas seu diário é omisso nesse ponto.

Robert Freke Gould, que estudou minuciosamente a vida de Elias Ashmole – para ele um “zeloso Rosacruz” – afirmou em um de seus livros que ele não tinha sido o primeiro maçom aceito na Inglaterra, e as lojas de Warrington e de Londres, a que ele fez menção eram, obviamente, lojas especulativas.

Em nível secular, a vida de Elias Ashmole foi mais rica em eventos. Casou-se três vezes, incluindo duas mulheres muito mais velhas do que ele, sem nunca ter filhos. Veio a ser favorecido por Charles I e Charles II, filho do anterior, para ser colector de impostos ou auditor fiscal, secretário e Escrivão de tribunal do Suriname, arauto de Windsor, enfim arauto de Armas da Jarreteira. Conheceu a fama e a fortuna graças às suas pesquisas heráldicas e a publicação de sua obra magistral: A instituição, as leis e cerimonias da Nobilíssima Ordem da Jarreteira (1672); suas outras obras sobre alquimia e sobre as regras de saúde e remédios terapêuticos.

Alguns anos antes de sua morte, Elias Ashmole decidiu transferir suas colecções de antiguidades e livros para a Universidade de Oxford, que fez o Museu Ashmolean, o primeiro museu público da Europa.


A ironia da vida e da morte do nosso maçom aceito: sua viúva casou-se novamente com um … pedreiro.

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