Ordem
de Cister
Tipo:Ordem
religiosa
Fundador:Roberto
de Champagne
Local
e data da fundação:Abadia de Cister, Saint-Nicolas-lès-Cîteaux, Borgonha, em
1098
Aprovação: 23 de Dezembro de 1119 por Papa Calisto II
Ordem
de Cister, ou Ordem Cisterciense (Ordo cisterciensis, O. Cist.), é uma ordem
religiosa monástica católica beneditina reformada. Aos seus membros religiosos
de clausura monástica dá-se o nome de monges (ou monjas) cistercienses, ou
monges brancos, como ficaram conhecidos devido à cor do hábito.
História
A
sua origem remonta à fundação da Abadia de Cister (em latim, Cistercium; em
francês, Cîteaux), na comuna de Saint-Nicolas-lès-Cîteaux, Borgonha, em 1098,
por Roberto de Champagne, abade de Molesme. Este, juntamente com alguns
companheiros monges, deixara a congregação monástica de Cluny para retomar a
observância da antiga regra beneditina, como reacção ao relaxamento da Ordem de
Cluny.
Através
da "Charta Charitatis", em complemento à regra da Ordem beneditina,
Estevão - terceiro abade de Cister - estabeleceu que a autoridade suprema da
Ordem seria exercida por uma reunião anual de todos os abades. Os mosteiros
eram supervisionados pelo mosteiro-sede, em Citeaux, e pelos quatro mosteiros
mais antigos da Ordem. Com a aprovação da Carta da Caridade, em 1119, surge
propriamente a Ordem Cisterciense, sendo assim a primeira ordem religiosa
canonicamente instituída da Igreja.
A
ordem terá um papel importante na história religiosa do século XII, vindo a
impor-se em todo o Ocidente por sua organização e autoridade. Uma de suas obras
mais importantes foi a colonização da região a leste do Elba, onde promoveu
simultaneamente o cristianismo, a civilização ocidental e a valorização das
terras.
Restauração
da regra beneditina inspirada pela reforma gregoriana, a ordem cisterciense
promove o ascetismo, o rigor litúrgico e erige, em certa medida, o trabalho
como valor fundamental, conforme comprovam seu património técnico, artístico e arquitectónico.
Além
do papel social que desempenha até a Revolução Francesa, a ordem exerce grande
influência no plano intelectual e económico, assim como no campo das artes e da
espiritualidade, devendo seu considerável desenvolvimento a Bernardo de
Claraval (1090-1153), homem de excepcional carisma. Sua influência e seu
prestígio pessoal o tornaram o mais célebre dos cistercienses. Embora não seja
o fundador da ordem, continua sendo o seu mentor espiritual.
Actualmente,
a ordem cisterciense é de fato constituída por duas ordens religiosas e várias
congregações. A ordem da «Comum Observância contava em 1988 com mais de 1300
monges 1500 monjas, distribuídos em 62 e 64 monastérios, respectivamente. A
ordem cisterciense da estrita observância (também chamada o.c.s.o.) compreende actualmente
quase 3000 monges e 1875 monjas, distribuídos em cento e dois monastérios
masculinos e setenta e dois monastérios femininos, em todo o mundo. São comummente
chamados "trapistas", pois a criação da ordem resultou da reforma da
abadia da Trapa (em Soligny-la-Trappe, Baixa-Normandia,França).
Mesmo
separadas, as duas ordens têm ligações de amizade e relações de colaboração. O
hábito também é semelhante. Os cistercienses são conhecidos como monges brancos
em razão da cor do seu hábito.
Embora
sigam a regra beneditina, os monges cistercienses não são propriamente
considerados beneditinos. Foi no IV Concílio de Latrão (1215) que a palavra
"beneditino" surgiu, para designar os monges que não pertenciam a nenhuma
ordem centralizada, em oposição aos cistercienses.
Papas
Cistercienses
Beato
Eugênio III 15 de Fevereiro de 1145 8 de Julho de 1153
Papa
Lúcio III 1 de Setembro de 1181 25 de Novembro de 1185
Papa
Celestino IV 24 de Outubro de 1241 11 de Novembro de 1241
Beato
Gregório X 1 de Setembro de 1271 10 de Janeiro de 1276
Papa
Bento XII 22 de Dezembro de 1334 25 de Abril de 1342
Cistercienses
em Portugal
A
Ordem estabeleceu-se em Portugal pela primeira vez em Tarouca em 1144, antigo
mosteiro beneditino. Todos os mosteiros cistercienses do século XII mudaram de
observância, só o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça foi fundado de novo.
Durante o século XII as fundações mais importantes e numerosas são as das
monjas, nomeadamente o Mosteiro de Lorvão, o Mosteiro de Celas, o Mosteiro de
Arouca e o Convento de São Bento de Cástris, protegidos pelas infantas-rainhas
Beata Teresa, Beata Sancha e Beata Mafalda de Portugal, e o Mosteiro de São
Dinis de Odivelas, todos dependentes de Alcobaça. Durante este período não
houve em Portugal ordem mais poderosa, devido sobretudo à riqueza de Alcobaça
que foi também o centro artístico e intelectual da Ordem.
O Mosteiro de
Alcobaça.
As
tentativas de reforma renovaram-se no princípio do século XVI, durante o qual
viveu Frei João Claro e se fundaram os mosteiros femininos de Tavira e
Portalegre e o Colégio do Espírito Santo em Coimbra e se chamaram beneditinos
de Monserrate para reformar Alcobaça. A reforma não conseguiu promover a
separação de Alcobaça, favorecida pelo cardeal D. Afonso e o cardeal D.
Henrique. Os cistercienses mostraram então grande vitalidade fundando vários
mosteiros, para monges: o Colégio da Conceição, e o Mosteiro do Desterro em
Lisboa e para monjas, Mocambo em Lisboa e Tabosa deram grande realce aos
estudos históricos, onde se notabilizaram todos os autores da Monarchia
Lusitana. No século XVIII entram em decadência e são extintos em 1834,
seguindo-se a posterior extinção dos mosteiros femininos.
O
pensamento de Joaquim de Fiore, um cisterciense calabrês e filósofo
milenarista, teve profundo impacto em Portugal, estando na origem do culto ao
Divino Espírito Santo, ainda hoje bem presente nos Açores e nas zonas de expansão
açoriana nas Américas, e influindo no pensamento do padre António Vieira (o
Quinto Império) e dando uma base filosófica ao sebastianismo.
A
existência de um curso de água ou um lago é condição essencial para a fixação
desta ordem. Por isso não é de estranhar que muitos dos conventos cistercienses
tenha nomes associados à água, tais como Fontaine-Guérard, Fontenay, Fontenelle
em França ou Fountain em Inglaterra.
Mosteiro de
São Bento da Porta Aberta
Actualmente
as monjas cistercienses encontram-se a viver monasticamente junto ao Santuário
de São Bento da Porta Aberta em Rio Caldo, nas Terras de Bouro, na jurisdição
eclesiástica da Arquidiocese de Braga. Existe, também, um movimento que defende
o restauro das comunidades cistercienses masculinas em Portugal.
As
Abadias cistercienses ficam isoladas das cidades, caracterizadas pela
racionalidade na articulação dos espaços e despojamento de elementos
decorativos. Usam-se soluções locais com materiais disponíveis e tradições
culturais existentes. O seu revestimento é branco.
A
planta padrão respondia às exigências de funcionalidade e economia de espaço e
de movimento abolindo o supérfluo. A planta articula a vida e as obrigações
distintas de monges, noviços e conversos.
A
igreja situa-se no ponto mais alto e estava do lado norte com o claustro
imediatamente a sul. A igreja adapta-se à rectangularidade global da composição
com cabeceira recta (na Batalha já é redonda) com capelas no transepto. No
braço sul uma escada comunica com o dormitório. A igreja divide-se a meio entre
monges e conversos. Não tinha uma fachada monumental nem torres a acentuar a
massa exterior. A planta baseia-se na relação 1:2. Há uma simplificação da
tipologia e exibição da própria arquitectura, a decoração centra-se nos
capitéis. As naves laterais surgem quase à mesma altura da central.
O
refeitório, mais a sul, sempre com a fonte em frente articula-se com o
claustro. A cozinha, a oeste, divide o refeitório dos monges e o dos conversos
. Cozinha e refeitório voltam-se para o curso de água.
No
lado Este alinham-se a sala do capítulo e a sala comunitária. O dormitório
ocupava longitudinalmente todo o piso superior. O complexo do edifício era
rectangular marcado por contrafortes. Não havia casas de banho nem uma
residência independente para o Abade. Os dormitórios não possuem celas
individuais.
Há
dois tipos de claustro: o claustro do silêncio e claustros de carácter
agrícola. O mosteiro cresce claustro, a claustro.
Abadias e
mosteiros
Portugal[editar
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Convento
de São João de Tarouca (ou Mosteiro de Tarouca) Tarouca
Mosteiro
de Santa Maria de Celas (ou Mosteiro das Celas) Coimbra
Mosteiro
de Santa Maria de Lorvão (ou Mosteiro de Lorvão) Lorvão, Penacova 878 Masculino, depois feminino
Mosteiro
de Santa Maria de Arouca (ou Mosteiro de Arouca) Arouca Século X Masculino, depois feminino
Mosteiro
de Santa Maria de Alcobaça (ou Mosteiro de Alcobaça,
ou
Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça) Alcobaça 1178 Masculino
Convento
de São Cristóvão de Lafões
(ou
Real Mosteiro de São Cristovão de Lafões) São
Pedro do Sul 1123
Mosteiro
de Nossa Senhora da Assunção de Tabosa
(ou
Convento de São Bernardo de Tabosa) Carregal 1692 Feminino
Mosteiro
de Santa Maria das Júnias Montalegre Século XIII Masculino
Mosteiro
de Santa Maria de Bouro Amares
Mosteiro
de Santa Maria de Salzedas Tarouca
Mosteiro
de Santa Maria de Maceira Dão Mangualde
Mosteiro
de Santa Maria de Seiça Paião
Convento
de São Bento de Cástris Évora
Mosteiro
de Santa Maria de Cós Alcobaça
Convento
de Santa Maria de Aguiar Castelo Rodrigo
Mosteiro
de São Bento da Porta Aberta Rio Caldo 2005 Feminino
(ainda activo) (da Vikipédia)
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