sexta-feira, 9 de março de 2018

Ordem de Cister



Ordem de Cister
Tipo:Ordem religiosa
Fundador:Roberto de Champagne
Local e data da fundação:Abadia de Cister, Saint-Nicolas-lès-Cîteaux, Borgonha, em 1098
Aprovação:  23 de Dezembro de 1119 por Papa Calisto II
Ordem de Cister, ou Ordem Cisterciense (Ordo cisterciensis, O. Cist.), é uma ordem religiosa monástica católica beneditina reformada. Aos seus membros religiosos de clausura monástica dá-se o nome de monges (ou monjas) cistercienses, ou monges brancos, como ficaram conhecidos devido à cor do hábito.

História
A sua origem remonta à fundação da Abadia de Cister (em latim, Cistercium; em francês, Cîteaux), na comuna de Saint-Nicolas-lès-Cîteaux, Borgonha, em 1098, por Roberto de Champagne, abade de Molesme. Este, juntamente com alguns companheiros monges, deixara a congregação monástica de Cluny para retomar a observância da antiga regra beneditina, como reacção ao relaxamento da Ordem de Cluny.

Através da "Charta Charitatis", em complemento à regra da Ordem beneditina, Estevão - terceiro abade de Cister - estabeleceu que a autoridade suprema da Ordem seria exercida por uma reunião anual de todos os abades. Os mosteiros eram supervisionados pelo mosteiro-sede, em Citeaux, e pelos quatro mosteiros mais antigos da Ordem. Com a aprovação da Carta da Caridade, em 1119, surge propriamente a Ordem Cisterciense, sendo assim a primeira ordem religiosa canonicamente instituída da Igreja.

A ordem terá um papel importante na história religiosa do século XII, vindo a impor-se em todo o Ocidente por sua organização e autoridade. Uma de suas obras mais importantes foi a colonização da região a leste do Elba, onde promoveu simultaneamente o cristianismo, a civilização ocidental e a valorização das terras.

Restauração da regra beneditina inspirada pela reforma gregoriana, a ordem cisterciense promove o ascetismo, o rigor litúrgico e erige, em certa medida, o trabalho como valor fundamental, conforme comprovam seu património técnico, artístico e arquitectónico.

Além do papel social que desempenha até a Revolução Francesa, a ordem exerce grande influência no plano intelectual e económico, assim como no campo das artes e da espiritualidade, devendo seu considerável desenvolvimento a Bernardo de Claraval (1090-1153), homem de excepcional carisma. Sua influência e seu prestígio pessoal o tornaram o mais célebre dos cistercienses. Embora não seja o fundador da ordem, continua sendo o seu mentor espiritual.

Actualmente, a ordem cisterciense é de fato constituída por duas ordens religiosas e várias congregações. A ordem da «Comum Observância contava em 1988 com mais de 1300 monges 1500 monjas, distribuídos em 62 e 64 monastérios, respectivamente. A ordem cisterciense da estrita observância (também chamada o.c.s.o.) compreende actualmente quase 3000 monges e 1875 monjas, distribuídos em cento e dois monastérios masculinos e setenta e dois monastérios femininos, em todo o mundo. São comummente chamados "trapistas", pois a criação da ordem resultou da reforma da abadia da Trapa (em Soligny-la-Trappe, Baixa-Normandia,França).

Mesmo separadas, as duas ordens têm ligações de amizade e relações de colaboração. O hábito também é semelhante. Os cistercienses são conhecidos como monges brancos em razão da cor do seu hábito.

Embora sigam a regra beneditina, os monges cistercienses não são propriamente considerados beneditinos. Foi no IV Concílio de Latrão (1215) que a palavra "beneditino" surgiu, para designar os monges que não pertenciam a nenhuma ordem centralizada, em oposição aos cistercienses.

Papas Cistercienses
Beato Eugênio III 15 de Fevereiro de 1145         8 de Julho de 1153      
Papa Lúcio III       1 de Setembro de 1181 25 de Novembro de 1185       
Papa Celestino IV 24 de Outubro de 1241 11 de Novembro de 1241       
Beato Gregório X 1 de Setembro de 1271 10 de Janeiro de 1276 
Papa Bento XII     22 de Dezembro de 1334       25 de Abril de 1342     

Cistercienses em Portugal
A Ordem estabeleceu-se em Portugal pela primeira vez em Tarouca em 1144, antigo mosteiro beneditino. Todos os mosteiros cistercienses do século XII mudaram de observância, só o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça foi fundado de novo. Durante o século XII as fundações mais importantes e numerosas são as das monjas, nomeadamente o Mosteiro de Lorvão, o Mosteiro de Celas, o Mosteiro de Arouca e o Convento de São Bento de Cástris, protegidos pelas infantas-rainhas Beata Teresa, Beata Sancha e Beata Mafalda de Portugal, e o Mosteiro de São Dinis de Odivelas, todos dependentes de Alcobaça. Durante este período não houve em Portugal ordem mais poderosa, devido sobretudo à riqueza de Alcobaça que foi também o centro artístico e intelectual da Ordem.

O Mosteiro de Alcobaça.
As tentativas de reforma renovaram-se no princípio do século XVI, durante o qual viveu Frei João Claro e se fundaram os mosteiros femininos de Tavira e Portalegre e o Colégio do Espírito Santo em Coimbra e se chamaram beneditinos de Monserrate para reformar Alcobaça. A reforma não conseguiu promover a separação de Alcobaça, favorecida pelo cardeal D. Afonso e o cardeal D. Henrique. Os cistercienses mostraram então grande vitalidade fundando vários mosteiros, para monges: o Colégio da Conceição, e o Mosteiro do Desterro em Lisboa e para monjas, Mocambo em Lisboa e Tabosa deram grande realce aos estudos históricos, onde se notabilizaram todos os autores da Monarchia Lusitana. No século XVIII entram em decadência e são extintos em 1834, seguindo-se a posterior extinção dos mosteiros femininos.

O pensamento de Joaquim de Fiore, um cisterciense calabrês e filósofo milenarista, teve profundo impacto em Portugal, estando na origem do culto ao Divino Espírito Santo, ainda hoje bem presente nos Açores e nas zonas de expansão açoriana nas Américas, e influindo no pensamento do padre António Vieira (o Quinto Império) e dando uma base filosófica ao sebastianismo.

A existência de um curso de água ou um lago é condição essencial para a fixação desta ordem. Por isso não é de estranhar que muitos dos conventos cistercienses tenha nomes associados à água, tais como Fontaine-Guérard, Fontenay, Fontenelle em França ou Fountain em Inglaterra.

Mosteiro de São Bento da Porta Aberta
Actualmente as monjas cistercienses encontram-se a viver monasticamente junto ao Santuário de São Bento da Porta Aberta em Rio Caldo, nas Terras de Bouro, na jurisdição eclesiástica da Arquidiocese de Braga. Existe, também, um movimento que defende o restauro das comunidades cistercienses masculinas em Portugal.

As Abadias cistercienses ficam isoladas das cidades, caracterizadas pela racionalidade na articulação dos espaços e despojamento de elementos decorativos. Usam-se soluções locais com materiais disponíveis e tradições culturais existentes. O seu revestimento é branco.

A planta padrão respondia às exigências de funcionalidade e economia de espaço e de movimento abolindo o supérfluo. A planta articula a vida e as obrigações distintas de monges, noviços e conversos.

A igreja situa-se no ponto mais alto e estava do lado norte com o claustro imediatamente a sul. A igreja adapta-se à rectangularidade global da composição com cabeceira recta (na Batalha já é redonda) com capelas no transepto. No braço sul uma escada comunica com o dormitório. A igreja divide-se a meio entre monges e conversos. Não tinha uma fachada monumental nem torres a acentuar a massa exterior. A planta baseia-se na relação 1:2. Há uma simplificação da tipologia e exibição da própria arquitectura, a decoração centra-se nos capitéis. As naves laterais surgem quase à mesma altura da central.

O refeitório, mais a sul, sempre com a fonte em frente articula-se com o claustro. A cozinha, a oeste, divide o refeitório dos monges e o dos conversos . Cozinha e refeitório voltam-se para o curso de água.

No lado Este alinham-se a sala do capítulo e a sala comunitária. O dormitório ocupava longitudinalmente todo o piso superior. O complexo do edifício era rectangular marcado por contrafortes. Não havia casas de banho nem uma residência independente para o Abade. Os dormitórios não possuem celas individuais.

Há dois tipos de claustro: o claustro do silêncio e claustros de carácter agrícola. O mosteiro cresce claustro, a claustro.

Abadias e mosteiros
Portugal[editar | editar código-fonte]
Convento de São João de Tarouca (ou Mosteiro de Tarouca) Tarouca     
Mosteiro de Santa Maria de Celas (ou Mosteiro das Celas)   Coimbra    
Mosteiro de Santa Maria de Lorvão (ou Mosteiro de Lorvão)  Lorvão, Penacova  878   Masculino, depois feminino
Mosteiro de Santa Maria de Arouca (ou Mosteiro de Arouca)          Arouca        Século X         Masculino, depois feminino
Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça (ou Mosteiro de Alcobaça,
ou Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça)      Alcobaça     1178 Masculino
Convento de São Cristóvão de Lafões
(ou Real Mosteiro de São Cristovão de Lafões)    São Pedro do Sul 1123
Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção de Tabosa
(ou Convento de São Bernardo de Tabosa)         Carregal     1692 Feminino
Mosteiro de Santa Maria das Júnias         Montalegre Século XIII  Masculino
Mosteiro de Santa Maria de Bouro  Amares               
Mosteiro de Santa Maria de Salzedas        Tarouca               
Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão  Mangualde          
Mosteiro de Santa Maria de Seiça    Paião         
Convento de São Bento de Cástris   Évora                   
Mosteiro de Santa Maria de Cós      Alcobaça             
Convento de Santa Maria de Aguiar Castelo Rodrigo            

Mosteiro de São Bento da Porta Aberta     Rio Caldo    2005 Feminino (ainda activo) (da Vikipédia)

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